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Setealém: Uma Incrível Evidência da Existência de Universos Paralelos ou Tão Somente uma História Brasileira de Ficção e Terror?

Provavelmente, a história virtual de terror mais famosa dos últimos tempos pertence ao norte-americano Adam Ellis. Desde agosto do ano passado, ele vem conseguindo algo que poucos conseguem ultimamente na internet: prender a atenção de centenas de milhares de seguidores e não seguidores, e fazê-los acompanhar uma mera história de terror contada através do Twitter, sendo que está cada vez mais evidente, por inúmeros motivos, que a mesma é falsa. Aliás, caso alguém acredite que a mesma possa ser verdadeira, basta acompanhar todo o material que já publiquei sobre esse assunto e reavaliar a própria crença sobre o que Adam Ellis divulga. Ainda assim, muitos de vocês vem expressando o desejo de continuar sendo informados e atualizados sobre esse caso, mesmo não acreditando nessa história, e sabendo que a mesma tem fortíssimos indícios de ser um projeto do Adam para o lançamento de um novo livro ou até mesmo um curta-metragem. Vale lembrar nesse ponto, que Adam Ellis é um ilustrador e cartunista, que trabalhou nos últimos quatro anos no questionável site de notícias Buzzfeed, que por sua vez é extremamente controverso, e repleto de textos aleatórios, e muitas vezes pautados sem quaisquer fontes credíveis. De qualquer forma, não tivemos maiores atualizações sobre esse caso, ao menos não no mês de fevereiro, porque Adam decidiu focar em "projetos pessoais", inclusive deixando o emprego que possuía no Buzzfeed. Além disso, ele disse que "coisas grandes" estariam por vir (leia maisAdam Ellis Estaria Possuído? Seguidores do Ilustrador Nova-Iorquino Acreditam que o Espírito de "David" Teria Possuído seu Corpo!).

Ironicamente, muito antes dessa história ser contada pelo Adam Ellis, o Buzzfeed se tornou palco para a divulgação e propagação de uma outra história, porém dessa vez envolvendo supostas dimensões paralelas e brasileira. O nome dessa história é "Setealém", muito embora também seja conhecida por inúmeras variantes, tais como: "7além", "Se7ealém", Setealem", "Cetealem", entre outras possibilidades. Há quem diga que "Setealém" seria uma dimensão paralela obscura, suja, cujos habitantes não gostam da presença de pessoas do nosso mundo. Com o tempo surgiram histórias sobre uma catedral misteriosa, sobre pessoas infiltradas, e até mesmo recrutadores dessa suposta dimensão paralela. Enfim, sinceramente nem pretendia escrever sobre esse assunto, uma vez que o mesmo é inteiramente baseado em evidências anedóticas, mas resolvi escrever algo bem "simples" para vocês terem uma dimensão sobre essa história, cujo material dificilmente vocês encontrarão em outro lugar. Vamos saber mais e rapidamente sobre esse assunto?


O Que é Setealém?


Se você perguntar isso a qualquer pessoa, que acompanha ou já ouviu falar sobre esse assunto, essa pessoa irá responder-lhe, que "Setealém" é uma espécie de universo paralelo. Assim sendo, nada melhor do que fazer essa pergunta a um homem chamado Luciano Milici (daqui a pouco comentaremos sobre ele, e o início de tudo isso), o principal responsável pela divulgação dessa história, de forma verificável, desde o fim de novembro de 2016, na internet brasileira.

Quando questionado sobre a origem do nome "Setealém", em um vídeo enviado para nós, Luciano Milici disse que, em sua visão, ele não sabia exatamente o que era Setealém, alegando que seu relato era o mais superficial perto dos outros que chegam até o seu conhecimento. De qualquer forma, Luciano disse que Setealém seria um "coletivo de universos paralelos e realidades futurísticas, passadas, tecnológicas, místicas, celestiais e demoníacas". Um "coletivo de ficção, de histórias ficcionais", relativas ao universo paralelo, mas que de alguma maneira isso tangiria o nosso mundo.



Se você perguntar isso a qualquer pessoa, que acompanha ou já ouviu falar sobre esse assunto, essa pessoa irá responder que "Setealém" é uma espécie de universo paralelo. Assim sendo, nada melhor do que fazer essa pergunta a Luciano Milici (daqui a pouco comentaremos sobre ele e o início de tudo isso), o principal responsável pela divulgação dessa história, de forma verificável, desde o fim de novembro de 2016.  
No grupo oficial e fechado do Facebook, chamado obviamente de "Setealém" (algo que também comentaremos mais para frente), um usuário foi mais além e disse: "A teoria que acato sobre Setealem é a seguinte: no universo há múltiplos planos de existência. Alguns mais sutis, outros tão materiais, ou até mais, que este em que habitamos. Setealem é um plano, que possui, com o nosso, muitas similaridades, motivo pelo qual há um maior número de pontos de conexão entre cá e lá. Assim como há pessoas mais sensíveis ao plano espiritual, vendo espíritos, até incorporando-os, há aquelas que possuem maior sensibilidade à Setealem. Assim, não se trata de um universo afeto a coisas de terror ou absurdos do gênero. Trata-se apenas de mais um universo paralelo a nós. Talvez pela grande similaridade com nosso plano de vibração por vezes o véu que separa os dois universos fique por demais tênue e pessoas resvalem com maior facilidade entre os dois mundos. Pela proximidade entre os dois planos, as 'técnicas' para ir até Setealem não são absurdas ou exotéricas. Apenas se tratam de modos de aproximar ambos os planos de existência, permitindo vislumbres ou mesmo atravessar a barreira entre as dimensões. Pelos relatos que lemos fica ainda claro que seres do nosso planos resvalam com mais facilidade para lá do que eles para cá ao longo do tempo. Por isso o maior nível de conhecimento da distinção entre os planos que observamos na gente de Setealem. Um dia os dois planos conviverão harmoniosamente como o fazem os países de nosso mundo. Os espíritas creem em Capela, não é? Acredito que este outro planeta, que se aproxima para um periódico arrebatamento nada mais são do que períodos em que o véu, que separa os dois mundos, se torna tão tênue, que aqueles com maior sensibilidade a ele atravessem com facilidade" Já um outro usuário disse: "Acredito ser uma dimensão espiritual de fácil acesso por estar muito próximo, se um individuo alcança o estado vibracional correto, pode se desprender de seu corpo físico em alguns segundos acessando sete alem por alguns minutos tenebrosos!"
"Acredito que este outro planeta que se aproxima para um periódico arrebatamento nada mais são do que períodos em que o véu que separa os dois mundos se torna tão tênue que aqueles com maior sensibilidade a ele atravessem com facilidade", disse o usuário.
Essa primeira parte é muito interessante, porque se "Setealém" for realmente um coletivo de histórias ficcionais, ou seja, narrativas imaginárias, e irreais, o lugar simplesmente não existiria, sendo fruto apenas da mente das pessoas. Contudo, vamos seguir em frente. Afinal de contas, se Setealém é universo paralelo, como ele se parece? Como Seria o "Universo Paralelo" Chamado "Setealém"? Qual sua Aparência? Há cerca de seis semanas, uma usuária também escreveu um longo comentário sobre algumas coisas, "que todos concordavam" sobre Setealém. Segundo ela, os habitantes de Setealém sabem de nós, que não somos de lá, e tem uma clara aversão aos "visitantes". Eles também sempre falam o nome do local, como se não importassem em guardar segredo. Ainda segundo ela, algumas coisas também acontecem na maioria das vezes: a pessoa para em Setealém do nada enquanto anda ou dirige e, em relação a dirigir, geralmente são pessoas que tomam alguma rota diferente. Sempre aparece alguém que, mesmo macabro, fala apenas que a pessoa não é de lá e deve ir embora, geralmente idosos. Também existiriam algumas contradições. De acordo com a usuária, a principal contradição estaria na aparência dos habitantes de Setealém, embora todos aparentassem não ter alma. Existem relatos que mencionam olhos negros, amarelos e brancos, e teve um em que a pele do cara era meio azulada. Aparentemente, todos que vão, voltam, porque os habitantes de Setealém não nos querem lá, mas teria havido o o relato do cara, que conheceu um senhor que ficou preso para sempre. Além disso, Setealém é sempre mostrada como um local devastado, às vezes com pessoas hostis demais, mas há relatos de uma biblioteca, em uma espécie de shopping, onde parece que eles vivem sua vida normalmente, mesmo que diferente de nós.
Além disso, Setealém é sempre mostrada como um local devastado, às vezes com pessoas hostis demais, mas há relatos de uma biblioteca, em uma espécie de shopping, onde parece que eles vivem sua vida normalmente, mesmo que diferente de nós. A imagem é meramente ilustrativa.
Em um relato é mencionado que eles têm a própria moeda, ou seja, não seria um mundo simplesmente assustador de zumbis. O mais contraditório de todos seria um "moço português", que ia para lá e o local era diferente do seu mundo, mas feliz e interessante, chamavam de Setealém, mas era diferente de todos os relatos e os "humanos podiam entrar aparentemente de boa".
Há cerca de seis semanas, uma usuária também escreveu um longo comentário sobre algumas coisas que todos concordavam. Segundo ela, os habitantes de Setealém sabem de nós, que não somos de lá, e tem uma clara aversão aos "visitantes"
Alguns detalhes também seriam interessantes. Haveria referências a pessoas louras, referências a maldade no olhar das crianças, referências a todos parecerem estranhamente iguais. Referências a comida ser estranha e de cheiro ruim. Uma coisa que todos concordam também é a incapacidade de usar celular e outra, que geralmente é um lugar conhecido da pessoa, mas que parece estar morto ou se deteriorando, como um futuro distópico.

Segundo a usuária, Setealém podia ser uma realidade paralela à Terra ou ser um futuro da Terra devastada, mas aí o relato do cara de Portugal e do lugar legal não se encaixariam. Ela também disse acreditar, que o fenômeno não deve acontecer somente no Brasil, mas no caso de ser realidade paralela, Setealém seria a realidade paralela do país. Se um norte-americano caísse em um lugar assim provavelmente teria outro nome. Caso Setealém valesse para qualquer local, então o nome deveria ser traduzido pra outra língua, mas não parecia haver relatos assim.
Alguns detalhes também seriam interessantes. Haveria referências a pessoas louras, referências a maldade no olhar das crianças, referências a todos parecerem estranhamente iguais. Referências a comida ser estranha e de cheiro ruim. Uma coisa que todos concordam também é a incapacidade de usar celular e outra, que geralmente é um lugar conhecido da pessoa, mas que parece estar morto ou se deteriorando, como um futuro distópico.
Enfim, é importante deixar claro, que Setealém, aparentemente, é comentado somente por brasileiros ou pessoas de países que adotam a língua portuguesa. Se qualquer pessoa fizer uma busca pelas hashtags "#setealem", "#setealém" "#7além" ou quaisquer outras variantes, no Twitter, por exemplo, não encontrará nada em língua inglesa, espanhola, ou francesa, ainda que o nome fosse traduzido literalmente. Existem referências apenas em português, porque foi algo que "surgiu" em nosso país.  

Para tentar explicar isso, no vídeo enviado para nós, Luciano Milici apontou algumas teorias, desde realidades paralelas em outros países com outros nomes até que a pessoa automaticamente passaria a falar o idioma dos habitantes de Setealém, mas, de forma verificável, não há nada referente a esse nome ou quaisquer outros universos paralelos da magnitude, que Setealém se tornou, em outros países.

Qual a Origem do Nome?


No grupo fechado do Facebook são mencionadas algumas teorias sobre o nome "Setealém". Entre elas, está a de um membro, que fez o seguinte comentário:

"Quanto ouvimos o nome "setealém" já pensamos em sete além do nosso ou algo do gênero, mas temos "JerusALÉM" e talvez o significado de "setealém" não seja exatamente "sete além do nosso" ou algo parecido com o significado do além de Jerusalém..."

... Jerusalém, em hebraico Yerushaláyim, é derivada da palavra Yir’a, que significa temor a Deus, mais a palavra Shalem, que significa perfeição
".

"Quanto ouvimos o nome "setealém" já pensamos em sete além do nosso ou algo do gênero, mas temos "JerusALÉM" e talvez o significado de "setealém" não seja exatamente "sete além do nosso" ou algo parecido com o significado do além de Jerusalém...", disse o usuário.
Já uma outra usuária disse: "'7 Shalom' ou '7 Salém-Além' deve ser alguma camada inferior que não tem paz. O que remete aos lugares abandonados, sujos e amarelados descritos." Essa teoria é, no mínimo, curiosa, porém esse o significado foi copiado de um site chamado "Significados", que não é exatamente uma fonte tão precisa. De acordo com o site da Associação Israelita de Beneficência Beit Chabad do Brasil, "shalem" significa "inteiro, completo". Aliás, a palavra "shalom" (que significa "paz") origina-se de "shalem", ou seja, para alcançarmos a paz de um povo, é necessário que as pessoas estejam inteiras, unidas.

Por outro lado, um membro chegou a dizer, que "pode não significar nada, sempre achei que fosse coincidência. Mesmo no Brasil, existem cidades com nomes bem estranho como Sombrio/SC." Nesse ponto, muitos usuários apontam que o nome de "Setealém" não seria tão incomum assim, visto que a fonética poderia ser facilmente confundida com localidades, tais como: Belém, Santarém, Salém, Xerém, entre outras.


Quando questionado sobre a origem do nome "Setealém", no vídeo enviado para nós, Luciano Milici disse que não sabia o que o nome Setealém significava exatamente. Em relação a teoria de sete universos paralelos, Luciano disse que, particularmente, não gostava da mesma, uma vez que perdia o "encanto" do nome. Ele disse que Setealém seria algo "único", não havendo, portanto, Quatroalém, Cincoalém e assim por diante. Ele também disse que esse seria o nome de um lugar, assim como Nárnia (lembrando que Nárnia é um reino ficcional).

Quem é Luciano Milici?


Chegou a hora de falar sobre que é Luciano Milici, o principal responsável pela divulgação de Setealém, de forma verificável, desde novembro de 2016. Bem, Luciano Milici é basicamente um escritor de histórias de ficção, produtor e roteirista (profissional responsável por criar uma história original ou adapta uma já existente). Porém, não ele não seria apenas isso. Luciano alega ser um publicitário formado pela ESPM, especialista em Inteligência de Mercado pelo Ibramerc (uma escola focada nas áreas de Inteligência de Mercado, Marketing e Vendas), e possuir um MBA em Comércio Eletrônico pela ESPM e pelo ITA (embora o ITA, que comumente conhecemos como "Instituto Tecnológico de Aeronáutica", não possua qualquer pós-graduação ou especialização nesse sentido, algo assim pode ter sido oferecido no passado).



Luciano Milici é basicamente um escritor de histórias de ficção, produtor e roteirista (profissional responsável por criar uma história original ou adapta uma já existente). Porém, não ele não seria apenas isso.
Segundo sua página profissional e pública no site "Linkedin", Luciano alega ter 20 anos de experiência em marketing e comércio eletrônico. Ele alega ter sido gerente de marketing de empresas como a COFESA, 5Tech, Sonda Procwork e, inclusive de empresas de renome nacional assim como o "Buscapé" (um famoso site de equiparação de preços de produtos vendidos na internet), onde ele teria sido o responsável geral pelo marketing de todo o grupo, centralizando as ações de cada marca individualmente, e definindo estratégias de fidelização, pesquisas de mercado, realização de eventos, campanhas de TV, compra de mídia, ações para o varejo, coordenação da assessoria de imprensa para o Brasil e para a América Latina.

Ele também teria sido diretor de Marketing e Comércio Eletrônico da Camisaria Colombo, sendo responsável pela organização e montagem do departamento de 10 profissionais incluindo: assessoria de imprensa, inteligência competitiva, marketing digital, e eventos.
Luciano alega ter sido gerente de marketing de empresas como a COFESA, 5Tech, Sonda Procwork e, inclusive de empresas de renome nacional assim como o "Buscapé" (um famoso site de equiparação de preços de produtos vendidos na internet), onde ele teria sido o responsável geral pelo marketing de todo o grupo, centralizando as ações de cada marca individualmente.
Ele também teria sido diretor de Marketing e Comércio Eletrônico da Camisaria Colombo, sendo responsável pela organização e montagem do departamento de 10 profissionais incluindo: assessoria de imprensa, inteligência competitiva, marketing digital, e eventos.

Enfim, Luciano teria uma longa passagem por diversas empresas, e nas horas vagas seria um ávido leitor de ficção científica e terror, literatura em geral, e também atuaria como voluntário plantonista no Centro de Valorização da Vida (CVV). Aliás, ele teria sido um professor universitário pela Universidade Paulista (UNIP), onde teria dado aulas de marketing e planejamento.

Conforme mencionei anteriormente, Luciano também é escritor e autor de diversas obras de ficção. Entre essas obras estão os livros "A Página Perdida de Camões", "Diário de um Exorcista - A Gênese do Mal", "A Canção do Vampiro" e "O Aplicativo". Todos os livros citados anteriormente constam no acervo do Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional, sendo possível verificar isso em uma simples busca no site da mesma.
Conforme mencionei anteriormente, Luciano também é escritor e autor de diversas obras de ficção. Entre essas obras estão os livros "A Página Perdida de Camões", "Diário de um Exorcista - A Gênese do Mal", "A Canção do Vampiro" e "O Aplicativo". Todos os livros citados anteriormente constam no acervo do Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional, sendo possível verificar isso em uma simples busca no site da mesma.

Entretanto, existem alguns outras obras atribuídas a ele, que não foram listadas no acervo, tais como: "O Livro que Roubava Meninas", "Atrás da Pesada Porta sem Maçaneta", "Aquele Ateu", "Contos Natalinos", "Amor de Sangue", "Se Lhe Interessar, Vá Buscar", "As Estações do Amor e da Morte", e o "Ônibus da Meia-Noite", uma condução onde todos são bem-vindos, principalmente moças formosas.
Entretanto, existem alguns outras obras atribuídas a ele, que não foram listadas no acervo, tais como: "O Livro que Roubava Meninas", "Atrás da Pesada Porta sem Maçaneta", "Aquele Ateu", "Contos Natalinos", "Amor de Sangue", "Se Lhe Interessar, Vá Buscar", "As Estações do Amor e da Morte", e o "Ônibus da Meia-Noite", uma condução onde todos são bem-vindos, principalmente moças formosas.

Luciano alega ter sido influenciado pelas histórias de seu pai, filmes de terror e ficção, Stephen King, Edgar Allan Poe, Lovecraft e a série televisiva "Além da Imaginação". No site "Clube dos Autores", ele faz a seguinte descrição sobre si mesmo: "A partir daí, foram inúmeras histórias escritas, faladas e encenadas na escola, com a família, etc. Nunca mais parei. Nunca paro. Penso em ficção fantástica o tempo todo. Nesse momento, enquanto você lê isso, eu estou em algum lugar pensando em alguma história. Geralmente começadas com 'e se...'"

Para completar, seu irmão, Marcelo Milici, é o administrador do site "Boca do Inferno", cuja missão seria dar constante apoio e divulgação de todas as manifestações do Horror, Ficção Científica e Cinema Fantástico em geral. Eles disponibilizariam um extenso material, entre análises críticas, artigos, comentários e entrevistas com diversos profissionais da área. É um bom site, diga-se de passagem.

Como Surgiu a História Sobre "Setealém": Uma Suposta e Extinta Comunidade no Orkut


Apesar de todo o currículo de escritor de obras de ficção, de pensar o tempo inteiro em uma história fantástica de ficção, e sua carreira profissional em Marketing, Luciano alega, que uma única história seria verdadeira: Setealém. Contudo, o surgimento da mesma na internet é, no mínimo, bem inusitada. Luciano alega ter tido uma estranha experiência pessoal em 1994, no interior de um ônibus, que supostamente iria para um lugar chamado "Setealém", cujos passageiros pediram para que ele saísse de forma ostensiva desse ônibus (daqui a pouco colocarei o relato dele sobre esse evento).

Posto isso, ele alega que, mais de dez anos após sua experiência, ele teria criado um grupo na extinta rede social chamada "Orkut", onde ele teria mantido contato com pessoas, que passaram por algo muito semelhante ao que ele viveu. Segundo ele, o mais interessante era que o nome e a descrição da comunidade não explicavam nada, justamente para não influenciar os relatos, porém posteriormente ele alegou, que o nome da comunidade de chamava "Setealém". Quando o grupo teria começado a se desvirtuar, ele teria encerrado a comunidade, mas não sem antes salvar o conteúdo. Curiosamente, Luciano teria perdido todo esse conteúdo, e até hoje estaria em busca do arquivo compactado em algum "HD" ou mídia.

Posto isso, ele alega que, mais de dez anos após sua experiência, ele teria criado um grupo na extintia rede social chamada "Orkut", onde ele teria mantido contato com pessoas, que passaram por algo muito semelhante ao que ele viveu.

Nesse ponto é interessante mencionar, que o Orkut foi uma rede social filiada ao Google, criada em 2004, e desativada em setembro de 2014. O alvo inicial do Orkut era os Estados Unidos, mas a maioria dos usuários eram do Brasil e da Índia. No Brasil, a rede social teve mais de 30 milhões de usuários, mas foi ultrapassada pelo líder mundial, o Facebook. Na Índia também era a segunda rede social mais visitada. Em 2013, foi realizada uma pesquisa apontando, que em três anos, o Orkut havia perdido 95,6% do número de acessos fixos no Brasil, registrando assim uma queda vertiginosa no país. A rede social ficou saturada, se viu envolvida em uma série de problemas, inclusive legais, e acabou sendo desativada.

De qualquer forma, o último adeus do Orkut foi em maio do ano passado, quando o Google anunciou que os arquivos das comunidades públicas do Orkut seriam eliminadas dos bancos de dados, o que significava o adeus definitivoO Google havia disponibilizado, durante um bom tempo, uma página para que ex-proprietários de comunidades pudessem salvar os dados referentes a 51 milhões de comunidades, 120 milhões de tópicos e 1 bilhão de interações. Ainda assim, é possível consultar essa página, ainda que parcialmente, através do serviço "Web Archive" (clique aqui).

De qualquer forma, o último adeus do Orkut foi em maio do ano passado, quando o Google anunciou que os arquivos das comunidades públicas do Orkut seriam eliminadas dos bancos de dados, o que significava o adeus definitivo. O Google havia disponibilizado, durante um bom tempo, uma página para que ex-proprietários de comunidades pudessem salvar os dados referentes a 51 milhões de comunidades, 120 milhões de tópicos e 1 bilhão de interações.

Voltando ao nosso assunto principal, podemos notar claramente, que Luciano Milici não tem como provar, que realmente criou essa comunidade no Orkut, e nem mesmo qual era seu conteúdo. Tudo que temos são suas palavras, e alguns relatos, que ele alega ter se lembrado ou encontrado de alguma forma no decorrer do tempo.

Um Antigo Comentário que Teria Sido Publicado em um Artigo do Site BuzzFeed, em Novembro de 2016


É muito importante ressaltar também, que não há única referência ao termo "Setealém" ou suas respectivas variações, quando se faz uma busca no Google, por exemplo, entre 1º de janeiro de 1990 e 23 de novembro de 2016 (comentários e atualizações recentes em publicações antigas podem gerar falsos positivos, mas no corpo da postagem ou ao utilizar o serviço Web Archive não se encontra absolutamente nada). O motivo? Bem, Luciano comentou em seu site pessoal, que ele fez um comentário "despretensioso" em um artigo publicado no BuzzFeed intitulado "9 histórias que farão você acreditar em universos paralelos", que é tão somente uma versão traduzida daquela que foi escrita pelo redator Christopher Hudspeth, originalmente em inglês ("9 Strange Stories That Might Make You Believe In Parallel Universes").

As fontes dos casos são extremamente emblemáticas: "Wikipedia", "Before It's News", "Mysterious Universe", ou seja, todos sites passíveis, e muito passíveis mesmo, de questionamentos. Diga-se de passagem, logo de cara, o caso referente aos Beatles, por exemplo, é sabidamente falso.



Luciano comenta em seu site pessoal, que ele fez um comentário "despretensioso" em um artigo publicado no Buzzfeed intitulado "9 histórias que farão você acreditar em universos paralelos", que é tão somente a versão traduzida daquela que foi escrita por Christopher Hudspeth, originalmente em inglês ("9 Strange Stories That Might Make You Believe In Parallel Universes").

O artigo traduzido para o português foi publicado no dia 24 de novembro de 2016, e obviamente não faz nenhuma menção a qualquer caso envolvendo "Setealém". Luciano alega ter publicado um comentário nessa postagem contando sua experiência, porém esse comentário não existe mais. Não sabemos se ele foi deletado deliberadamente ou não. O artigo possui atualmente cerca de 191 comentários (esse número pode variar de acordo com o momento ler essa matéria), de usuários no Facebook, sendo que muitas pessoas relataram ter experiências com o que consideravam ser possíveis dimensões paralelas. Existe de tudo: casos envolvendo sonhos, paralisia do sono, lapsos temporais, supostos casos que ocorreram com as pessoas acordadas, relatos que parecem histórias de ficção científica, entre outras inúmeras possibilidades.

Uma usuária chamada Mônica chegou a comentar, que algumas histórias eram semelhantes aos episódios da série televisiva "Além da Imaginação". Aliás, nesse ponto, há quem diga que o nome "Setealém" teria sido "inspirado" nessa série, que curiosamente também teria ajudado a inspirar a carreira literária de Luciano Milici.

Uma usuária chamada Mônica chegou a comentar que algumas histórias
eram semelhantes aos episódios da série televisiva "Além da Imaginação"

Houve também um relato envolvendo um ônibus, passando por um shopping, que teria "pulado no tempo". Algo muito curioso, diga-se de passagem.

Houve também um relato envolvendo um ônibus, passando por um shopping, que teria "pulado no tempo",
algo muito curioso, diga-se de passagem.

Tantos casos atraíram escritores de ficção, assim como o Luciano Milici e uma usuária chamada Mel Sbragia, que se mostrou bem ativa nos comentários e, inclusive, perguntou a um outro usuário se ela podia escrever uma história em cima do seu caso.

Tantos casos atraíram escritores de ficção, assim como o Luciano Milici e uma usuária chamada Mel Sbragia, que se mostrou bem ativa nos comentários e, inclusive, perguntou a um outro usuário se ela podia escrever uma história em cima do seu caso.

Além disso, há diversos relatos de usuários, em que muitas outras pessoas comentaram, que algo semelhante também teria acontecido em suas vidas. Vale a pena você ir no artigo do BuzzFeed e ler os comentários para ter uma dimensão, que o artigo tomou naquela época. De qualquer forma, o único vislumbre que temos, que o comentário de Luciano teria realmente existido é o comentário de uma pessoa, questionando a existência desse mesmo comentário, e as respostas recebidas de outros usuários.

Enfim, o único vislumbre que temos, que o comentário de Luciano teria realmente existido é o comentário de uma pessoa, questionando a existência desse mesmo comentário, e as respostas recebidas de outros usuários.

Não sabemos a data exata, que Luciano Milici teria publicado seu comentário, mas, cerca de quatro dias depois do artigo do BuzzFeed ter sido publicado em português, ou seja, no dia 28 de novembro, ele alegou que, "pressionado por novos amigos anônimos, ele resolveu contar um fato estranho que aconteceu com ele". Segundo Luciano, centenas de pessoas começaram a lhe pedir para detalhar o seu relato, e os alguns outros que ele teria coletado do mesmo gênero. Ele disse que havia recebido, e ainda estava recebendo muitas mensagens e solicitações de amizade de interessados nas histórias.

A Criação da Página Oficial no Facebook e Contas "Falsas" no Twitter Sobre Setealém


Cronologicamente, o dia seguinte (29) é muito importante nessa história, porque ele marca a criação de algumas coisas bem interessantes. A primeira delas é a página chamada "Setealém", no Facebook, pelo Luciano Milici.



Cronologicamente, o dia seguinte (29) é muito importante nessa história, porque ele marca a criação de algumas coisas bem interessantes. A primeira delas é a página chamada "Setealém", no Facebook, pelo Luciano Milici

A segunda foi a criação de perfis falsos no Twitter, muito semelhantes a bots, relacionados a Setealém. Exemplos não faltam: temos uma conta chamada @setealem, e uma outra conta chamada @_7Alem_. De forma especulativa, seria bem possível, que outras contas tivessem sido criadas nesse sentido, porém, nesse caso, já teriam sido deletadas, e não há como rastreá-las. 

A segunda foi a criação de perfis falsos no Twitter, muito semelhantes a bots, relacionados a Setealém. Exemplos não faltam, temos uma conta chamada @setealem, e uma outra conta chamada @_7Alem_.

É bem possível, que outras contas tenham sido criadas nesse sentido, porém já teriam sido deletadas.

A conta @Setealem é particularmente interessante, porque foram publicadas repetidas vezes a frase "pare de falar sobre Setealem", em diversos idiomas, no dia 29 de novembro. Já no dia seguinte, 30 de novembro, os tweets (ou "tuítes", como queiram) passaram a marcar perfis aleatórios de usuários brasileiros e internacionais, quase sempre usuários muito ativos no Twitter, como se quisesse chamar a atenção dos mesmos, sendo que eles sequer sabiam do que a "pessoa" estava falando. Essa conta existe até hoje, e continua ativa, sendo que o último tweet foi feito no dia 22 de fevereiro deste ano.

Em um primeiro momento, qualquer pessoa pensaria em uma teoria da conspiração para evitar falar de uma dimensão paralela, mas observando bem a conta e os tweets realizados até hoje, pode-se notar claramente, que seu intuito era divulgar o nome "Setealém" para o mundo, em diversos idiomasInfelizmente, é difícil saber se houve mais tweets nesse sentido, se os mesmos foram apagados, ou quem realmente criou as contas.

Uma Inusitada Localização Apontada nos Perfis Falsos no Twitter: O Grande Pentagrama do Cazaquistão


Aparentemente, as contas teriam sido criadas pela mesma pessoa, embora utilizando emails diferentes, e ambas indicam uma mesma localização. Notem que aparecem alguns números interessantes e idênticos, nas contas de "Setealem" e "Setimo Alentimo": 52.479761, 62.185661.

Esses não são números aleatórios, mas coordenadas geográficas apontando para o chamado "Grande Pentagrama do Cazaquistão". O pentagrama fica próximo à cidade de Lisakovsk, situada às margens do rio Tobol, na província de Kostanai (ou Qostanay), e tem aproximadamente 365 metros de diâmetro.



Evidentemente, o pentagrama desperta até hoje inúmeras teorias conspiratórias, porém o que poucos comentam é que a região nos arredores de Lisakovsk está repleta de antigas ruínas arqueológicas. Existem assentamentos da Idade do Bronze, cemitérios e túmulos, muitos dos quais ainda não foram explorados. O pentagrama, essencialmente, é um símbolo antigo usado por muitas culturas (não satânicas) e grupos religiosos. Foi adotado pelos mesopotâmios, pitagóricos (seguidores de Pitágoras, um matemático grego da antiguidade), cristãos, maçons e wiccanos. Resumindo? Não é algo diabólico como muitos pensam ou tentam fazer vocês acreditarem.

Algo que também poucas pessoas citam é a opinião de Emma Usmanova, uma arqueóloga com anos de experiência trabalhando na região de Lisakovsk. Em declaração ao renomado site "Live Science", Emma Usmanova disse que o pentagrama nada mais era do que o esboço de um parque criado sob a forma de uma estrela. Segundo ela, a estrela era um símbolo popular durante a era soviética (o Cazaquistão fazia parte da antiga União Soviética até a sua dissolução, em 1991).

As estrelas costumavam ser usadas em toda a União Soviética para decorar fachadas de edifícios, bandeiras e monumentos. Até hoje não se sabe quem ou o porquê isso foi construído, porém é muito importante conhecer a opinião de quem realmente dedica sua vida a estudar a região onde o "pentagrama" foi encontrado.


Em declaração ao renomado site "Live Science", Emma Usmanova disse que o pentagrama nada mais era do que o esboço de um parque criado sob a forma de uma estrela. Segundo ela, a estrela era um símbolo popular durante a era soviética (o Cazaquistão fazia parte da antiga União Soviética até a sua dissolução em 1991). As estrelas costumavam ser usadas em toda a União Soviética para decorar fachadas de edifícios, bandeiras e monumentos.

Voltando ao nosso assunto principal, o mais importante dessa história não é o "pentagrama", mas sua localização, ou seja, o Cazaquistão, e vocês vão entender isso daqui a pouco.

A Intenção Inicial de Luciano Milici, uma Suposta "Ameaça" e um Suposto Método para "Visitar" Setealém


Seguindo na linha do tempo, no dia 2 de dezembro de 2016, os relatos de Luciano e alguns outros acabaram sendo publicados na site "Creepypasta Brasil", ou seja, quem leu os mesmos interpretou todas as histórias como sendo apenas histórias ficcionais de terror ou mistério. Aliás, houve diversos comentários dizendo que as histórias eram boas, mas que era bem difícil acreditar nas palavras de um escritor de ficção.

Enfim, muito pouco se comentou sobre isso no início do ano seguinte, mas, mesmo assim, no dia 12 de janeiro, 44 dias após criar a página no Facebook, Luciano alegou que estava recebendo e compilando relatos. Muitos eram exagerados, outros não muito, muito tensos e ligados a outros, além de terem sido contados por "pessoas desesperadas". Ele também disse, que duas editoras tinham lhe procurado, e ele estava estudando a viabilidade de "unificar e romancear" os relatos. Poucos dias depois, no dia 18 de janeiro, ele voltou a publicar , que estava procurando colaboradores para seu livro sobre Setealém.


Enfim, muito pouco se comentou sobre isso no início do ano seguinte, mas, mesmo assim, no dia 12 de janeiro, 44 dias após criar a página no Facebook, Luciano alegou que estava recebendo e compilando relatos. Muitos eram exagerados, outros não muito, muito tensos e ligados a outros, além de terem sido contados por "pessoas desesperadas". Ele também disse, que duas editoras tinham lhe procurado, e ele estava estudando a viabilidade de "unificar e romancear" os relatos.

No dia 18 de janeiro, ele voltou a publicar que estava procurando colaboradores para seu livro sobre Setealém.

Cronologicamente, o dia 5 de fevereiro é igualmente importante nessa "saga", porque marca o primeiro vídeo sobre Setealém, que foi publicado no canal do Luciano Milici, no YouTube, um canal criado por ele, em novembro de 2007.

No vídeo ele conta alguns relatos, que não entrarei em detalhes, e ao final ele exibe na tela do seu computador um email, que teria sido enviado para ele, justamente no momento em que ele estava editando o vídeo, por uma tal de "Lea Meets" que, na verdade, é um anagrama para "Setealém". No campo assunto era possível ler a seguinte frase "Pare de divulgar Setealém".

No vídeo ele conta alguns relatos, que não entrarei em detalhes, e ao final ele exibe na tela do seu computador um email, que teria sido enviado para ele, justamente no momento em que ele estava editando o vídeo, por uma tal de "Lea Meets", que na verdade é um anagrama para "Setealém". No campo assunto era possível ler a seguinte frase "Pare de falar sobre Setealém".

Confira o conteúdo do email, que ironicamente também incluiu um suposto método para visitar Setealém (um tanto quanto contraditório, não é mesmo?):

"Olá Luciano, como vai?

Meu nome é Lea Meets. Parabéns pelo seu site e principalmente pelos livros e pelo jogo de baralhos assassinos. Muito interessante.
Represento pessoas que estão incomodadas com essa sua divulgação barata sobre Setealém. Pedimos que você pare agora de falar sobre Setealém. Não é uma ameaça. Por favor entenda que você não deve escolher Setealém. Setealém é que escolhe você.
Do jeito que você está fazendo, outros estão conhecendo e se interessando e isso é ruim.
Setealém é muito assustador, mas também é muito generoso. Você pode desfrutar dessa generosidade, mas não todo mundo. Todo mundo não.
Quanto mais você divulgar, mais pessoas procurarão e encontrarão os portais e temos que preservar as dores e delícias de um lugar que vocês ainda não entendem. Nem nós entendemos ainda. Nem sabemos se é um lugar.
Existem 72 e duas maneiras de ir a Setealém. Você não tomou conhecimento de nem uma dezena. Se parar de falar sobre isso para outras pessoas, nós consideraremos lhe ensinar mais algumas. Maneiras de ir e voltar em segurança.
Como demonstração de boa vontade, me foi permitido lhe ensinar um jeito simples, mas muito eficiente, de visitar Setealém. Não dá sempre certo e nem dá certo para todas as pessoas, pois algumas jamais irão para Setealém.

Método 42: Portal Onírico III
Nível de Segurança: 9/10
Extrato da página 442

Pense, não sonhe, imagine e deseje. Nessa noite você vai para Setealém.
Há um Portal que não pode ser fechado. Eles não viram ou talvez não liguem.
Está aberto para quem ousar entrar. E Você vai entrar.
Antes de dormir, reze para seu Deus ou deuses.
Peça proteção para a viagem que vai fazer.
Deite-se com certeza de que nada vai lhe acontecer. Pense, deseje e veja.
Diga a si mesmo “Eu vou para Setealém”.
Você está com roupas pretas, sapatos, meias, calça e blusa. Essa roupa é a mais confortável que existe. É impenetrável. Pode fazer milagres.
Você usa um colar prateado, na ponta do colar um símbolo, o seu símbolo. O símbolo mais poderoso que existe. Esse colar é inquebrável.
Você caminha por um túnel de pedras iluminado por lâmpadas amareladas presas no teto.
Perceba que o túnel está limpo. As lâmpadas funcionam, exceto uma. Você só ouve seus passos e o som de gotas.
Nesse túnel não é permitido olhar para trás. Ele ainda não é um portal.
No fim do túnel, você chega a uma velha fábrica. É noite. O túnel atrás de você desapareceu. O enorme galpão está escuro, mas ninguém mais está lá além de você. Nem outros viajantes. A fábrica é o portal e ele só funciona de noite.
Ela só aceita um viajante por vez. A fábrica é incrivelmente real. Note o chão sujo, as paredes quebradas e pichadas, as ferramentas largadas. Avance dez passos e veja na direita, um buraco no muro. É por lá que você sairá. Esse é o portal. Ao atravessar o muro, você entrará em Setealém. Em qualquer lugar de Setealém. Enquanto passar pelo buraco do muro, olhe para trás, talvez você veja outro viajante chegando. Não se assuste. Nem todos vivem no mesmo tempo em que você. Nem todos são humanos.
Passe pelo buraco. Bem-vindo a Setealém.
Não se preocupe em voltar. Você vai adormecer na experiência. Suas roupas e seu colar o trarão de volta. Mas você lembrará de tudo na manhã seguinte e terá certeza de que nada foi um sonho."


No finalzinho do vídeo, Luciano Milici pediu para que as pessoas continuassem acreditando em Setealém, que continuassem enviando seus relatos, e disse que não iria parar de falar em Setealém. "Lea Meets" nunca apareceu publicamente, porém sabemos que a pessoa que escreveu é brasileira, tem um certo grau de instrução, e uma boa escrita. Um detalhe que chama a atenção, é o provedor de email utilizado, o "mail.kz", visto que "kz" é o código TLD na internet para o Cazaquistão.

Lea Meets nunca apareceu publicamente, porém sabemos que a pessoa que escreveu é brasileira, tem um certo grau de instrução, e uma boa escrita. Um detalhe que chama a atenção, é o provedor de email utilizado "mail.kz", visto que kz é o código TLD na internet para o Cazaquistão.

Muito provavelmente, a pessoa que criou as contas no Twitter, que aparentemente serviam de divulgação e propagação do nome "Setealém", no mesmo dia da criação da página de Setealém, no Facebook, é a pessoa por trás do email. Aliás, o email em si, é no mínimo curioso. Por que pedir a alguém, que parasse de falar no nome de Setealém, e posteriormente ensinar uma forma de acessar essa suposta dimensão? Não faz nenhum sentido.

Nesse ponto, há quem diga que o próprio Luciano Milici criou as contas no Twitter, para a divulgação de seu projeto chamado "Setealém", a princípio um livro, e seria a pessoa por trás do "personagem" chamado "Lea Meets"Além disso, há quem diga, que o método em si não é nada sobrenatural ou místico, mas uma forma simples autossugestão, algo semelhante ao que acontece em relação aos "sonhos lúcidos", que por sua vez podem ser induzidos durante a repetição contínua de uma frase ou gesto. Ler várias vezes o mesmo texto, por exemplo, também poderia surtir esse efeito.

Além disso, há quem diga, que o método em si não é nada sobrenatural ou místico, mas uma forma simples autossugestão, algo semelhante ao que acontece em relação aos "sonhos lúcidos", que por sua vez podem ser induzidos durante a repetição contínua de uma frase ou gesto. Ler várias vezes o mesmo texto, por exemplo, também poderia surtir esse efeito.

Aliás, para quem não conhece, sonho lúcido é o termo que se refere à percepção consciente, que temos de um determinado estado ou condição enquanto sonhamos, resultando em uma experiência da qual temos uma recordação muito clara ("lúcida") e nítida, normalmente aparentando termos tido controle e capacidade direta sobre nossas ações e, algumas vezes, o próprio desenrolar do conteúdo do sonho. A experiência completa,  do início ao fim, é chamada de sonho lúcido. Os chamados "sonhadores lúcidos" normalmente descrevem seus sonhos como animados, coloridos, e fantásticos. Muitos comparam a uma experiência espiritual, e dizem que este fato mudou sua maneira de viver ou sua percepção em relação ao mundo que vivem.

Algumas pessoas alegam que os sonhos lúcidos são como uma "hiper-realidade", aparentando muitas vezes serem mais reais que a própria realidade em vigília" e que todos os elementos que compõem a realidade dos sonhos são amplificados. Sonhos lúcidos são prodigiosamente recordados em comparação a outros tipos de sonhos, até mais que os próprios pesadelos, que supostamente podem ser prescritos como um meio de se livrar de um sonho dramático ou alarmante. Na internet é possível encontrar inúmeras possíveis de induzir as pessoas a terem sonhos lúcidos (clique aqui ou aqui).

Algumas pessoas alegam que os sonhos lúcidos são como uma "hiper-realidade", aparentando muitas vezes serem mais reais que a própria realidade em vigília" e que todos os elementos que compõem a realidade dos sonhos são amplificados. Sonhos lúcidos são prodigiosamente recordados em comparação a outros tipos de sonhos, até mais que os próprios pesadelos, que supostamente podem ser prescritos como um meio de livrar-se de um sonho dramático ou alarmante.

Já a autossugestão é uma técnica psicológica fundamentada na crença de que você é capaz, através da palavra, de influenciar a si mesmo, e seu estado afetivo, ou seja, nesse caso, que você é capaz, de forma insistente, de visitar realmente um lugar chamado "Setealém" ao seguir algumas instruções. Por exemplo, a mente, quando vibra numa sintonia de ódio, medo, agressividade, raiva, mentiras, fofocas e manipulações, tende a fazer com que a pessoa entre em ressonância com as mesmas energias negativas. A autossugestão também é um conceito amplamente utilizado nas técnicas de pensamento positivo, programação neurolinguística, relaxamento, entre outras. Resumindo? Há quem diga, que Luciano ensinou uma forma de um grande número de pessoas terem uma experiência psicológica e, talvez, verem algo semelhante entre si. Aliás, alguém lembra do "This Man"? O caso é uma farsa, mas algumas pessoas ficaram tão impressionadas com a história, que há relatos de pessoas que sonharam mesmo com o rosto.

Enfim, posteriormente, entre janeiro e fevereiro do ano passado, foi criado um grupo fechado, no Facebook, para falar sobre "Setealém" e, com o passar do tempo, diversos canais no YouTube, principalmente dedicados a mistérios e curiosidades gerais, alguns com um grande número de inscritos, ajudaram a alavancar toda essa história. Porém, antes de falar sobre isso, vamos conferir o relato do Luciano e os relatos de outras supostas pessoas, da época do Orkut, que ele teria supostamente encontrado e "reescrito".

O Relato de Luciano Milici e de Outras Supostas Pessoas, da Antiga e Suposta Comunidade no Orkut


No site "Creepypasta Brasil" podemos conferir o relato, que teria sido publicado pelo Luciano Milici, em um determinado grupo no Facebook, o "MK-Ultra", que é um conhecido grupo destinado ao debate de teorias da conspiração, justamente no fim de novembro de 2016. Isso significa que, além do comentário no artigo do BuzzFeed, Luciano também teria feito o mesmo, ao menos em relação a um grupo de cunho conspiratório, no Facebook. Confira o que ele publicou:


"Estou até com medo de contar isso aqui.

Na década de 90, eu voltava da faculdade diariamente por uma avenida movimentada e sempre pegava qualquer ônibus que descesse a tal avenida. Não importava o ônibus, porque o importante era chegar perto do metrô que ficava no final da avenida.

Num certo dia, peguei um ônibus qualquer, lotado e comum, como sempre fazia na avenida e segui. O trajeto costumava levar meia hora e eu aproveitava para ler. Em dado momento, uma mulher me cutucou e disse 'Você não vai para SeteAlém, vai?'. Eu, confuso, não entendi nada. Ela voltou a falar 'Esse ônibus vai para SeteAlém. É melhor você descer'. Eu sorri para ela e olhei para os lados. Juro. Todo mundo tava me olhando.

Outra mulher falou: 'É, vai desce, moço'. Um cara acenou positivamente com a cabeça 'Desce aí'. O cobrador gritou para o motorista 'Vai desceeeer!'. O ônibus parou e eu, obviamente, desci sem entender nada e até meio acuado. Faltavam alguns quarteirões para o metrô e eu tive de andar. O ônibus - aparentemente idêntico aos demais - virou à direita em uma rua estreita e subiu uma ladeira de paralelepípedos. Trajeto estranho.


"Faltavam alguns quarteirões para o metrô e eu tive de andar. O ônibus - aparentemente idêntico aos demais - virou à direita em uma rua estreita e subiu uma ladeira de paralelepípedos. Trajeto estranho", disse Luciano Milici. A imagem é meramente ilustrativa

Nunca mais encontrei aquelas pessoas ou presenciei esse comportamento estranho num ônibus daquela avenida. Na época do Orkut, montei uma comunidade sobre o tema, mas sem dar detalhes para não influenciar. Queria ver se meu 'delírio' fazia sentido. Duas dúzias de pessoas do país todo contaram histórias muito parecidas.

Um cara disse que entrou no banheiro de um shopping e saiu - segundo ele - em um shopping diferente, localizado em SeteAlém. Disse que passeou por esse shopping e descreveu pontos muito estranhos. Depois, ele disse que retornou ao banheiro e se viu de volta ao shopping original.

Uma garota do nordeste contava que algumas pessoas da cidade dela que trabalhavam como office-boys nas ruas, se perdiam nesse 'bairro chamado SeteAlém', depois voltavam e não conseguiam mais achar o local estranho.

Várias pessoas postaram testemunhos dizendo que era comum, acidentalmente, pessoas transitarem daqui para lá e de lá para cá. Diziam que isso podia explicar alguns desaparecimentos também. Não sei.

Só sei que sempre sonho com esse local, desde então. Juntei todos os relatos e apaguei a comunidade quando ela se desvirtuou em histórias genéricas de terror e ficção, porém, guardei tudo o que foi falado, bem como os contatos de quem falou."

Conforme podemos notar, o relato é totalmente genérico, e não há muita diferença dos demais relatos, que também foram contados por usuários do Facebook, no Buzzfeed. Porém, Luciano acabou escrevendo e adicionando maiores detalhes, quando ele publicou sobre Setealém, no dia 28 de novembro de 2016, em seu site pessoal, algo que vocês podem conferir a seguir.

Relato #1: Uma Passagem Para Setealém


"1994. Eu estava no segundo ano da faculdade. Tinha dezenove anos e lamentava o fato de que só poderia cursar o período noturno a partir do próximo ano. Os dois primeiros anos eram obrigatoriamente matutinos, o que dificultava a busca por empregos ou estágios. Até então, minha experiência se resumia a um longo período como gerente de uma vídeo-locadora, que era como se chamava o Netflix da época.

Mesmo morando longe da faculdade, eu adorava o caminho de volta. Os longos trechos à pé até chegar no ponto de ônibus para, em seguida, tomar o Metrô me permitiam observar como as pessoas eram diferentes em seus trajes, gestos e falas. Tudo aquilo era subsídio para novas histórias que eu, diariamente, escrevia. Também aproveitava o caminho para ler.

Normalmente, caminhava até lá para tomar um ônibus, qualquer ônibus – o primeiro que passasse – pois todos levavam para um ponto da avenida onde eu facilmente acessaria o Metrô. Não importava o nome, o número ou a cor do ônibus, todos obrigatoriamente iam até o fim da avenida, para então, seguirem seus itinerários. Isso era bom, porque eu não me demorava mais que dois minutos no ponto.


"Não importava o nome, o número ou a cor do ônibus, todos obrigatoriamente iam até o fim da avenida, para então, seguirem seus itinerários. Isso era bom, porque eu não me demorava mais que dois minutos no ponto", disse Luciano. A imagem é meramente ilustrativa.

Naquela tarde quente de outubro, após uma exaustiva aula de Mercadologia, segui meu caminho costumeiro até uma grande e famosa avenida há alguns minutos do campus. Cheguei no ponto e coloquei um CD, acho que do Nação Zumbi, no discman. A pilha estava acabando e a voz do Chico Science parecia demoníaca. Um ônibus chegou e parou. Entrei e substituí o discman por um livro.

Em média, o trajeto demorava de vinte e cinco a trinta minutos por causa do trânsito e, quando eu tinha sorte de encontrar um banco vazio, lia várias páginas. Naquele dia, nem quinze minutos se passaram e senti a mulher ao meu lado, no banco, me cutucar. Parei de ler e olhei para ela.

- Você não vai para Setealém, vai? – ela perguntou.

Apertei os olhos, tentando entender o que ela havia dito. Teria sido Santarém?

Ela insistiu:

- Esse ônibus vai para Setealém. É melhor você descer.

"Naquela tarde quente de outubro, após uma exaustiva aula de Mercadologia, segui meu caminho costumeiro até uma grande e famosa avenida há alguns minutos do campus. Cheguei no ponto e coloquei um CD, acho que do Nação Zumbi, no discman", disse Luciano Milici. A imagem é meramente ilustrativa.

Sorri para ela. O nome “Setealém” havia ficado claro, mas o conselho não fazia sentido. Olhei para os lados e todos, absolutamente todos do ônibus estavam me olhando. Uma outra mulher, em pé, um pouco mais à frente, falou:

- É, vai...desce, moço.

Próximo a ela, um rapaz com uma pasta na mão acenou positivamente com a cabeça e foi mais incisivo:

- Desce aí!

Antes que eu perguntasse o que estava acontecendo, o cobrador – que também me olhava, com o maço de notas na mão – gritou para o motorista:

- Vai desceeeeer!

O ônibus parou na hora. Ali não era um exatamente um ponto, mas eu não liguei. Levantei-me rapidamente do banco e fui em direção à porta aberta. As pessoas no corredor abriram caminho acompanhando-me com o olhar.

Desci.

"O ônibus parou na hora. Ali não era um exatamente um ponto, mas eu não liguei. Levantei-me rapidamente do banco e fui em direção à porta aberta. As pessoas no corredor abriram caminho acompanhando-me com o olhar", disse Luciano. A imagem é meramente ilustrativa.

Confesso que, na hora, dezenas de pensamentos me ocorreram. Seria um ônibus particular? Não. Havia um cobrador, afinal de contas. Teriam me confundido com alguém? Talvez. Assim que pisei no asfalto, o ônibus retomou o caminho, até que, estranhamente, virou à direita em uma ladeira de paralelepípedos. Um trajeto incomum.

Aquele nome 'Setealém' nunca mais saiu da minha mente. Seria um bairro? Uma cidade? Perguntei aos meus conhecidos e até olhei no Guia de Ruas, uma espécie de Waze do século passado, onde seu dedo indicador fazia o papel do carrinho. Ninguém nunca reconheceu esse nome nas proximidades ou até em outro lugar do mundo.

Sei que, dias depois, passei a sonhar com Setealém e, desde então, pelo menos uma vez por mês me vejo em suas estranhas ruas, durante o sono.
"

Enfim, a seguir vamos conferir os relatos de supostas pessoas, que teriam feito parte da antiga e suposta comunidade chamada "Setealém" do Orkut. Porém, antes de lerem os relatos abaixo é importante terem em mente que, em uma página do seu site pessoal, Luciano enumerou cinco pontos, que deveriam ser levados em consideração antes de qualquer pessoa resolvesse ler os mesmos. Confira esses pontos:
  • Luciano alega não saber se os relatos são verídicos, sendo que podia falar apenas do seu próprio relato, que ele considerava como verdadeiro;
  • Luciano disse, que omitiu o nome verdadeiro dos envolvidos, uma vez que não tinha autorização de contar histórias pessoais, mesmo após tantos anos;
  • Luciano disse, que se a pessoa que estivesse lendo, fosse uma das pessoas dos casos citados, e quisesse que o texto fosse retirado ou corrigido, bastava lhe avisar;
  • Luciano pediu para que se alguém tivesse passado por alguma experiência semelhante, para que enviasse o relato para ele;
  • Em seu quinto e último ponto, Luciano disse que os relatos de terceiros foram reescritos por ele. Ele alega que não alterou seu conteúdo, apenas teria mudado a forma, a pontuação e feito algumas correções, mas sem ferir em nada a história contada.

Relato #2: Minha Filha Foi Para Setealém


Esse seria um relato contado por alguém chamado Antônia, uma enfermeira de 40 anos de idade.

"Aconteceu nessa semana, pessoal. Eu tava vendo televisão. Minha filha, Patrícia, de 7 anos, estava brincando na sala. Ela fez um risco em um papel e falou:

- Mamãe, falta isso de dias pra eu ir na festa na casa do papai!

Ela estava certa. Faltava um dia para a tal festinha. Antes que eu falasse algo, o telefone tocou. Bem na hora da novela! Atendi com raiva. Principalmente porque a extensão da sala estava quebrada e eu tive que atender no meu quarto. Era um homem com voz estranha. Muito grossa e áspera.


"Aconteceu nessa semana, pessoal. Eu tava vendo televisão. Minha filha, Patrícia, de 7 anos, estava brincando na sala. Ela fez um risco em um papel e falou:- Mamãe, falta isso de dias pra eu ir na festa na casa do papai!", disse a suposta enfermeira. A imagem é meramente ilustrativa.

- Senhora Antônia? A senhora é mãe da menina Patrícia?

- Sim, sou eu. Quem quer saber?

- A senhora precisa ir até a escadaria do condomínio buscar sua filha.

- Escadaria? Que escadaria? Qual condomínio?

- Eu não sei, senhora. Ela não estava vestida com uma camiseta verde quando desapareceu? A senhora pode ir até a escadaria do condo...

- Camiseta verde? Minha filha nem tem camiseta verde, seu maluco! Escuta aqui. Vou ligar para a polícia, tá? Minha filha tá aqui na sala comigo. A gente mora em sobrado e não em condomínio. Fica passando trote a essa hora, seu...

O homem desligou.

Corri até a sala e Patrícia estava lá, quietinha com seu caderno e um monte de giz de cera.

"Antes que eu falasse algo, o telefone tocou. Bem na hora da novela! Atendi com raiva. Principalmente porque a extensão da sala estava quebrada e eu tive que atender no meu quarto. Era um homem com voz estranha. Muito grossa e áspera", disse a suposta enfermeira. A imagem é meramente ilustrativa.

Ontem, mandei a Patrícia para a casa do pai dela, para a festinha. Coloquei nela uma blusinha cor de rosa e uma jaqueta por cima. Meu ex-marido me trouxe ela de volta à noite. Patrícia me agarrou muito forte quando me viu. Perguntei se tudo tinha ido bem, ele disse que antes de trazê-la, passou no prédio da nojenta da nova namorada dele e que a Patty derrubou suco na blusa e, por isso, ele precisou pegar uma camiseta emprestada da filha da namorada dele.

Isso mesmo, minha filha estava com uma camiseta verde.

Quis saber se tinha acontecido algo de estranho além disso, ele respondeu que não. Falou que Patrícia saiu da festa toda feliz, mas que na volta ficou estranha e séria. Realmente, minha filha estava muito esquisita.

Quando ele foi embora, tentei conversar com Patty, mas ela não se abriu de início. Insisti muito e ela contou que quando desceu as escadas do prédio da namorada na frente do pai, ela se perdeu e foi parar em um outro prédio chamado Setealém. Ela disse que ficou chorando alto e chamando pelo pai, até que um homem bonzinho, com olhos amarelos, pegou ela e levou pra casa dele.

"Quis saber se tinha acontecido algo de estranho além disso, ele respondeu que não. Falou que Patrícia saiu da festa toda feliz, mas que na volta ficou estranha e séria. Realmente, minha filha estava muito esquisita", disse a suposta enfermeira. A imagem é meramente ilustrativa.

- Credo, filha, que história maluca é essa? Você não se perdeu do seu pai, não. Ele te trouxe! Tá tudo bem – falei, com a nuca gelada

- O homem bonzinho com olho amarelo telefonou pra cá, mamãe, mas você disse que pra ele que ia chamar a polícia e que eu tava aqui com você e ele desligou. Depois, ele me mandou descer a escada do prédio de novo e o papai me encontrou.

Somente agora pouco, antes de eu entrar no Orkut, é que minha filha veio me mostrar uma folha de papel com sete riscos. Perguntei o que era aquilo e ela falou:

- Foi isso de dias que eu fiquei na casa do homem, longe de você, mamãe.

O homem bonzinho com olho amarelo telefonou pra cá, mamãe, mas você disse que pra ele que ia chamar a polícia e que eu tava aqui com você e ele desligou. Depois, ele me mandou descer a escada do prédio de novo e o papai me encontrou", disse a filha da suposta enfermeira. A imagem é meramente ilustrativa

Não sei o que dizer. Minha filha passou apenas algumas horas longe de mim, mas consegue contar com convicção cada um dos detalhes dos sete dias em que ficou hospedada na casa do homem bonzinho de olhos amarelos que mora em Setealém."

Relato #3: Os Amigos Office-Boys


Uma mulher chamada Elisa, moradora da Bahia, teria postado o seguinte comentário:

"Oi, me chamo Elisa e tenho 17 anos. Não esquentem com esse negócio. Aqui na minha cidade (sou nordestina, tá?) três amigos meus vivem falando de Setealém, Setealém, Setealém. Eles falam que já foram para lá e conhecem gente que veio de lá e se perdeu aqui. Eles trabalham na rua levando documentos e enrolando.

Não sei se eles estão cheirados, mas contaram que esse lugar é que nem um bairro. Você vai pra lá sem querer e quando volta não consegue achar mais a entrada. Falaram que é muito parecido com aqui, mas que tem umas diferenças que dão medo. Também falaram que é lugar muito grande mesmo.

Meu amigo Giba disse que o pessoal de Setealém sabe daqui, mas que a gente não pode saber de lá ainda. Uma garota de lá que ele conheceu falou que algumas autoridades daqui conhecem Setealém, mas não contam pro povo porque não iam saber explicar o que é aquele lugar. Eu acho tudo mentira, mas como encontrei essa comunidade, quis contar.

"Não sei se eles estão cheirados, mas contaram que esse lugar é que nem um bairro. Você vai pra lá sem querer e quando volta não consegue achar mais a entrada. Falaram que é muito parecido com aqui, mas que tem umas diferenças que dão medo. Também falaram que é lugar muito grande mesmo.", disse a suposta moradora da Bahia. A imagem é meramente ilustrativa.

Eles me falaram que muitas pessoas que sumiram, na verdade, foram para lá e não acharam mais a saída.

O Peterson inventou a pior das mentiras. Ele falou que encontrou o Marcelo, primo dele que desapareceu nos anos 80. Ele disse que conversou com o cara e ele nem sabe que está desaparecido. Ele acha que ainda tá nos anos 80, imagina só! O Peterson falou que esse primo dele tá preso nos anos 80. Que bosta, né? Mentira lascada.

Só entrei aqui pra contar isso."

Relato #4: O Banheiro do Shopping


Esse relato teria sido contado Júlio, um rapaz de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, que teria narrado a seguinte experiência:

"Meu nome é Júlio, trabalho em uma academia em Porto Alegre. Fiquei feliz por ver essa comunidade porque esse maldito nome não me sai da cabeça.

Há seis meses, fui com a minha namorada ao cinema. Fomos comemorar dois anos de namoro. Fizemos aquele programa básico: jantamos no shopping e depois fomos assistir ao filme. Assim que saímos da sessão, caminhamos pelos corredores para olhar as vitrines. Minha namorada disse que iria comprar uma bolsa e me pediu para esperá-la próximo a uma revistaria. Desconfiei que ela queria me fazer uma surpresa de namoro, concordei e fui olhar algumas revistas da banca. Disse a ela que a aguardaria lá e ela retrucou dizendo que não demoraria.

Assim que ela se afastou, fui ao banheiro que ficava exatamente no corredor em frente à revistaria. Havia quatro ou cinco pessoas no local que é bem grande. Todos os mictórios, porém, estavam ocupados e, por isso, fui a um reservado. Jogo rápido, nem cheguei a travar a porta. Tirei meu celular do cinto e o coloquei sobre uma apara de madeira.

"Há seis meses, fui com a minha namorada ao cinema. Fomos comemorar dois anos de namoro. Fizemos aquele programa básico: jantamos no shopping e depois fomos assistir ao filme", disse o suposto rapaz. A imagem é meramente ilustrativa.

O mais estranho é que não fiquei nem dois minutos dentro do reservado. Ouvi risos de crianças no banheiro e conversas. Assim que terminei de urinar, saí. Não sei se consigo descrever, mas já havia algo estranho no banheiro. Não sou muito de reparar em detalhes. Minha namorada é. Ela é virginiana. Apesar disso, notei que algo havia mudado. Começando pelas luzes que estavam amareladas e não brancas. Muito amareladas, quero dizer. Uma faixa verde bem grossa cruzava a parede e os espelhos estavam menores. Não havia ninguém lá dentro. Nem as crianças que haviam gargalhado há poucos segundos.

Lavei as mãos e achei que estivesse ficando louco. Para mim, a água estava meio morna e muito, muito grossa. Nojenta, para falar a verdade. Procurei por papel e não encontrei. Saí balançando as mãos para secarem no ar.

Fora do banheiro, achei que fosse desmaiar. Achei que havia saído pela porta errada ou entrando em algum corredor novo. Bom, pelo menos, foi o que tentei acreditar.

O shopping estava parecendo, na verdade, uma galeria. Ainda era um shopping, conceitualmente, mas estava bem mais velho e desgastado. A luz era fraca e as lojas pareciam amontoados de produtos. Tudo muito feio.

"Lavei as mãos e achei que estivesse ficando louco. Para mim, a água estava meio morna e muito, muito grossa. Nojenta, para falar a verdade. Procurei por papel e não encontrei. Saí balançando as mãos para secarem no ar.", disse o suposto rapaz. A imagem é meramente ilustrativa.

Andei acelerado até uma área mais aberta e tive a certeza de que não estava mais em um lugar conhecido. Nada era parecido com o que eu já havia visto em algum lugar na minha cidade ou até na televisão. Começando por pequenos detalhes que me assustaram. Havia uns aquários do tamanho de latas de lixo espalhados em todo lugar. Dentro desses aquários, eu identifiquei uma espécie de pano, sei lá, parecia um pedaço de cobertor roxo que ficava se mexendo dentro desses aquários. As pessoas iam até esses aquários e colocavam as duas mãos em cima e começavam a rir! E eram risadas feias, como se tossissem com o peito cheio de catarro. Fiquei parado, olhando para esses aquários. As pessoas vinham em grupos de dois ou três, encostavam e riam. Mexi a cabeça para os lados rapidamente procurando minha namorada. Tudo o que eu queria era entender o que estava acontecendo e ver um rosto conhecido.

As pessoas passavam por mim e me ignoravam. Eram parecidas com pessoas normais, mas ainda assim, não eram totalmente normais. Elas eram parecidas ENTRE ELAS também. Não idênticas, como gêmeos. Não sei explicar. É como quando você viaja para um país diferente onde as pessoas têm traços parecidos, mas também têm traços particulares.

Ah, e a revistaria não estava mais lá.

No local, um homem vendia peças ou algo assim. Ele tinha uma mesa grande de madeira rústica com vários objetos pretos que pareciam ser de ferro. Os objetos tinham formatos estranhos: ganchos, ferraduras e engrenagens. Cheguei perto e ele perguntou se eu ia trocar ou comprar. Eu não respondi. 

"Ah, e a revistaria não estava mais lá", disse o suposto rapaz.
A imagem é meramente ilustrativa.

Uma menina de, mais ou menos, sete anos, se aproximou e pegou uma peça de ferro que parecia uma colher negra e mostrou para a mãe dela. A mãe se aproximou e pegou uma carteira para pagar. A garota apontou a colher para mim e eu pude ver bem seu rosto. Era normal, mas também tinha algo de muito estranho. Não sei se eram as sobrancelhas ou a distância dos olhos. Senti um medo inexplicável. O olhar da menina passava uma maldade sem tamanho.

O homem respondeu para ela:

- Não, não, ele não vai comprar, pode pegar. Acho que ele nem é daqui de Setealém.

A mãe me olhou com nojo. Tomou a colher da menina, colocou de volta na mesa e puxou a filha pra longe de mim, como se eu tivesse uma doença. Comecei a ficar tonto e me sentei em um banco de madeira que era muito parecido com os bancos normais de shopping, exceto que esse era bem mais baixos e só acomodavam uma pessoa. Vi outros bancos desses naquele local.


Um som alto tocou e todo mundo parou e olhou para cima. Era um barulho alto e grave como aquelas buzinas de navio que a gente vê em filme. Depois que o som parou, todos retomaram seus caminhos.

"Uma menina de, mais ou menos, sete anos, se aproximou e pegou uma peça de ferro que parecia uma colher negra e mostrou para a mãe dela. A mãe se aproximou e pegou uma carteira para pagar. A garota apontou a colher para mim e eu pude ver bem seu rosto. Era normal, mas também tinha algo de muito estranho.", disse o suposto rapaz. A imagem é meramente ilustrativa.

Pensei na minha namorada e na minha mãe. Aquilo só podia ser um sonho. Levantei rápido e fiquei tão tonto que precisei me apoiar em uma vitrine que, falo de todo o meu coração, vendia pombas vivas. Pombas! Umas dez pombas andavam por lá, tentavam voar e se bicavam atrás da vitrine de vidro. Gritei.

As pessoas começaram a me olhar e a apontar para mim. Cochichavam.

Decidi ligar para minha namorada. Coloquei a mão no cinto e meu celular não estava mais preso a ele. Eu havia esquecido na apara do reservado. Voltei pelo corredor e entrei rapidamente no banheiro. Três homens estavam sentados no chão do banheiro. Um deles, debaixo da pia. Conversavam algo que eu não quis nem saber. Pulei por cima deles e entrei no reservado.

Meu celular ainda estava lá. Tranquei a porta, sentei no vaso e tentei ligar para minha namorada, mas não consegui. O aparelho estava simplesmente apagado. Apertei os botões com força, mas não adiantou. Ouvi risos de crianças novamente. Fiquei lá uns dez minutos, até que alguém bateu na porta. Era o rapaz da revistaria. Ele disse que havia me visto entrar no banheiro e que minha namorada já estava me aguardando na banca dele. Ele perguntou se eu estava passando mal ou algo do gênero.

O banheiro estava claro e o shopping estava normal. Minha namorada não acreditou em mim, mas viu que eu estava realmente muito nervoso. Foi o pior dia da minha vida. Estraguei nossa comemoração passando mal do estômago horas depois.

Não voltei ainda ao shopping e estou pensando seriamente em fazer terapia. Eu achei que tinha ficado louco até achar essa comunidade com o mesmo nome dito pelo homem daquela banca bizarra. Setealém. Deus me livre existir um lugar daquele."

Luciano Milici é o Fundador e Dono de "Setealém"? Escritor Alega que Nunca Visitou "Setealém"


Vocês acabaram de conferir os quatro relatos supostamente encontrados por Luciano Milici, que teriam sido reescritos por ele, muito embora há quem diga que o estilo literário, por assim dizer, dos relatos denotem que eles foram escritos pela mesma pessoa. Para alguns, o ato de reescrever os relatos por uma mesma pessoa explicaria perfeitamente isso, porém há quem diga que todos foram criados pela mesma pessoa, ou seja, pelo próprio Luciano Milici.

Outro detalhe interessante é que o próprio Luciano Milici nunca visitou "Setealém", uma única vez, visto que, segundo seu relato, ele desceu do ônibusEm uma transmissão ao vivo realizada em seu canal no YouTube, em agosto do ano passado, numa espécie de sessão de perguntas e respostas, ele comentou justamente isso, que tentou inúmeras vezes, mas nunca conseguiu ir até "Setealém". Isso é particularmente relevante, porque em seu perfil público no Facebook, Luciano se autointitula como "Imperador, Diretor-Executivo e Fundador" de Setealém. Aparentemente, essas denominações podem parecer jocosas, mas talvez, na realidade, não sejam tão infundadas.

Isso é interessante, porque em seu perfil público no Facebook, Luciano se autointitula como "Imperador, Diretor-Executivo e Fundador" de Setealém, porém não ficou claro se as palavras foram usadas de maneira jocosa ou não.

É importante destacar também, que no vídeo recentemente enviado para nós, alguns dias atrás,  Luciano voltou a afirmar que nunca visitou Setealém, ou seja, que ele teria descido do ônibus, e tudo teria passado apenas de uma "citação" do nome, embora ele tivesse vontade de visitar o "lugar". Ao mencionar sobre isso, Luciano disse: "Se é um lugar real, se existe mesmo, e se for seguro, deve ser bem interessante." Isso denota, por exemplo, que Luciano não tem certeza se "Setealém" realmente existe, apesar de dizer que acredita com veemência em sua existência, desde a divulgação verificável dessa história.

A única coisa que não é jocosa em toda essa história é símbolo © ao lado de Setealém. De forma ostensiva em sua página pessoal, Luciano Milici menciona, que o termo "Setealém" e suas grafias derivadas "7Além" e "Cetealém", bem como o "universo original" e os principais relatos foram devidamente registrados na Biblioteca Nacional e no Writer's Guild. A utilização dos termos é vetado em livros, filmes, séries, webséries, jogos ou quadrinhos sem a expressão autorização escrita de Luciano.

A única coisa que não é jocosa em toda essa história é símbolo © ao lado de Setealém. De forma ostensiva em sua página pessoal, Luciano Milici diz que o termo "Setealém" e suas grafias derivadas "7Além" e "Cetealém", bem como o universo original e os principais relatos foram devidamente registrados na Biblioteca Nacional e no Writer's Guild.

De acordo com Luciano, em uma postagem realizada por ele mesmo, em 23 de julho do ano passado, em seu grupo no Facebook, os nomes e os detalhes sobre Setealém estavam assegurados pelos direitos autorais para que nenhum aventureiro fizesse fama em cima das informações geradas. Isso é curioso, porque, anteriormente, na página sobre "Setealém", no Facebook, Luciano disse que "Setealém" era de todos, porém, legalmente "Setealém" é apenas dele.

Por exemplo, se você alegar, que realmente visitou um lugar chamado Setealém, e querer escrever um livro, detalhando cada ponto de sua experiência, em um universo sombrio, caótico, misterioso e, principalmente, se você tiver se envolvido em uma trama no interior de Setealém, você não pode. Quer dizer, você até pode, mas para escrever sobre isso, você precisa da prévia autorização escrita do Luciano. Por outro lado, nada impede que ele vete um determinado universo, por ele julgar subjetivamente, baseado em supostos relatos de terceiros, e sem ter nunca visitado o local, que toda sua experiência seja uma mentira. Simples assim.

De acordo com Luciano, em uma postagem realizada por ele mesmo, em 23 de julho do ano passado, em seu grupo no Facebook, os nomes e os detalhes sobre Setealém estavam assegurados pelos direitos autorais para que nenhum aventureiro fizesse fama em cima das informações geradas.
Isso é curioso, porque, anteriormente, na página sobre Setealém, no Facebook, Luciano disse que Setealém era de todos, porém, legalmente Setealém é apenas dele.

Apesar da evidente necessidade de algum tipo de registro, para evitar que terceiros acabassem registrando em seu lugar, considero importante deixar claro que, legalmente, os direitos sobre qualquer livro ou obra audiovisual sobre Setealém pertencem ao Luciano, e a mais ninguém, mesmo que essa pessoa alegue ter visitado Setealém.

Em uma rápida pesquisa, não encontrei nenhuma marca ou patente com o nome de Setealém no banco de dados do INPI, porém é possível notar que, desde o ano passado, Luciano já registrou alguns domínios relacionados a Setealém. Entre eles temos o "setealem.com.br" e "7alem.com.br"

Em rápida pesquisa, não encontrei nenhuma marca ou patente com o nome de Setealém no banco de dados do INPI, porém é possível notar que, desde o ano passado, Luciano já registrou alguns domínios relacionados a Setealém
Entre eles temos o "setealem.com.br" e "7alem.com.br"

Isso, aparentemente, denota de forma bem expressiva a intenção do uso comercial do nome "Setealém". Algo que também é muito importante deixar bem claro. Enfim, vamos continuar nossa saga e comentar rapidamente sobre o "quartel-general" de Setealém: o grupo fechado no Facebook.

O Grupo Criado no Facebook e a Dimensão que Setealém Tomou na Internet Brasileira


Conforme mencionamos anteriormente, em algum momento entre janeiro e fevereiro do ano passado foi criado um grupo fechado chamado "Setealém", no Facebook. Esse grupo é particularmente curioso, porque demonstra ser uma forma prática das pessoas publicarem seus relatos, mas a absoluta maioria tem dúvidas, que suas experiências pessoais podem ter ou não relação com "Setealém".

Assim como todo grupo, o mesmo conta com administradores, moderadores e seus usuários. Como administradores temos o próprio Luciano Milici, o perfil da página de Setealém, e mais dois usuários chamados "Pietra Castevet" e "Cards de Piscopatas". No entanto, há quem diga que os perfis pertencem ao próprio Luciano Milici, visto que sempre fazem as mesmas postagens públicas, tanto para divulgar seu trabalho no Facebook, quanto para divulgar "Setealém".

Assim como todo grupo, o mesmo conta com administradores, moderadores e seus usuários. Como administradores temos o próprio Luciano Milici, o perfil da página de Setealém, e mais dois usuários chamados "Pietra Castevet" e "Cards de Piscopatas".
No entanto, há quem diga que os perfis pertencem ao próprio Luciano Milici...
...visto que sempre fazem as mesmas postagens públicas,
tanto para divulgar seu trabalho no Facebook, quanto para divulgar "Setealém".

Já na descrição do grupo é possível ler o seguinte texto:

"LEIAM ANTES DE TUDO

Bem-vindo a Setealém. Agora, você faz parte da comunidade SetealenianaÉ um cidadão oficial de outra realidade.

Ao entrar nesse grupo, você fica ciente de que os “inimigos da informação” não querem que este assunto seja levado a público.

Este é um grupo de estudos, coletas de relatos e apoio a todos aqueles que passaram por experiências com Setealém, Dimensões e Universos Paralelos, Viagens no Tempo e afins.

Chegou a hora de todos saberem a verdade.

OBJETIVOS DO GRUPO

- Explorar o tema
- Coletar relatos e teorias
- Descobrir, compilar e experimentar
- Conspirar
"

Descrição atual do grupo "Setealém", no Facebook

É interessante notar, que o esquema é bem semelhante aquele adotado por teóricos da conspiração, ou seja, existe uma necessidade clara de separação do público entre mocinhos e vilões. Daqueles de "mente aberta" e dos "céticos". Daqueles de querem esconder a verdade do mundo, e daqueles que simplesmente questionam a veracidade sobre um determinado assunto. Invariavelmente, as pessoas acabam sendo induzidas a escolher um lado.

Algo semelhante acontece com os adeptos da "Teoria da Terra Plana", da "Terra Oca", entre outros segmentos, que geram seguidores da mesma forma que uma seita religiosa, por exemplo (comentarei sobre isso daqui a pouco). Nesse caso, Luciano chama aqueles que duvidam ou que tentam ridicularizar "Setealém" como "inimigos da informação".

É interessante notar, que o esquema é bem semelhante aquele adotado por teóricos da conspiração, ou seja, existe uma necessidade clara de separação do público entre mocinhos e vilões. Daqueles de "mente aberta" e dos "céticos". Daqueles de querem esconder a verdade do mundo e daqueles que simplesmente questionam a veracidade sobre um determinado assunto. Invariavelmente, as pessoas acabam sendo induzidas a escolher um lado.

Diga-se de passagem, essa descrição é da mesma época de uma outra postagem do Luciano, que já havíamos comentado, onde ele dividiu seu público nas seguintes "categorias":
  • Interessados em fazer fama: pessoas que mandam relatos inventados, imagens fakes ou contos. Inventam regras próprias para Setealém (tipo, Setealém é o sétimo mundo criado...), inventam outro mundo paralelo e tentam emplacar (tipo, Setealém é legal, mas você já ouviram falar em Bromânia?), tentam divulgar livros, blogs ou canais. Segundo Luciano seria fácil identificar essas pessoas;
  • Detratores / Zombeteiros: só querem falar mal e duvidar. Alguns duvidam de tudo, outros, creem em Setealém, mas duvidam dos relatos. Têm complexo de vira-latas. Acham que nada assim poderia ocorrer no Brasil. Criticam e causam só pela polêmica;
  • Interessados em ganhar grana: editores, publishers, produtores, diretores, estudantes de cinema e aprendizes de escritores, que procuram Luciano para transformar Setealém em livro, filme, série, quadrinhos, jogo, TCC etc. Alguns lhe mandam propostas, alguns lhe mandam projetos bem adiantados. Nesse ponto, Luciano indagou a intenção dessas pessoas, se era, por exemplo,  para autorizar que eles encabeçassem o nome Setealém na mídia. De acordo com suas próprias palavras, "não vai rolar. Se for para ter algo assim, sairá DAS MINHAS MÃOS e com relatos que eu acredito serem reais";
  • Racionais / Estudiosos / Cientistas: pessoas que Luciano considera como inteligentes e bem-intencionadas. Duvidam de tudo, mas respeitam quem acredita. Não se entregam de olhos fechados, mas não ofendem. Essas pessoas sempre seriam bem-vindas;
  • Pessoas estranhas: pessoas que enviam coisas para o Luciano por meio de e-mails anônimos. Essas pessoas supostamente pediriam para ele parar de falar sobre Setealém. Dizem para ele deixar o assunto cair no esquecimento, assim como ocorreu na época do Orkut. Algumas se dizem de lá. Outros dizem que estudam Setealém desde a década de 1960. As pessoas mandariam e-mails em outros idiomas;
  • Admiradores do assunto: pessoas que curtem o assunto e estavam no grupo somente pela curiosidade e diversão. Luciano acha divertido quem fala que quer ir, bem como quem fala que morre de medo;
  • Pessoas conectadas: pessoas que, assim como o Luciano, sentem algo de familiar com o nome Setealém; ou já ouviram falar na infância; ou já estiveram lá. Essas pessoas já sonharam/sonham com Setealém ou sentem atração pelo lugar. Sentem. Está no âmago e no inconsciente delas. Essas pessoas estão se juntando graças ao grupo. Estão se reconhecendo porque se sentem ligadas, unidas e conectadas.
Divisão que Luciano Milici fez de seu grupo em julho do ano passado.

Tudo isso é muito curioso, porque se o objetivo é explorar o tema e se informar, fica difícil entender algumas regras, que existem no grupo. Por exemplo, uma das regras menciona, que devemos expor e debater teorias sobre Setealém, e que devemos postar notícias, filmes, livros e histórias relativas a universos paralelos.

Por outro lado, é proibido tratar a postagem de alguém como mentira, invenção, lenda ou fanfic. Também é proibido duvidar, ridicularizar, questionar ou menosprezar a pergunta, teoria ou o relato de outro membro. Repararam na primeira "categoria de pessoas" elaborada por Luciano? Ela mesma fere as regras. É proibido dizer, que um relato é inventado, mas Luciano Milici alega que pode dizer se um relato é falso ou não, mesmo sem nunca ter pisado em Setealém.

Aliás, essa é uma parte curiosa, porque se o objetivo é explorar o tema e se informar,
fica difícil entender algumas regras.

É igualmente proibido pedir provas insistentemente ou cobrar documentação referente aos relatos, e acusar os administradores (que segundo algumas pessoas seria o próprio Luciano Milici) ou qualquer outro membro de ter interesses por trás dos temas apresentados. É bem difícil imaginar como é debater sobre um assunto sem duvidar ou questioná-lo. Imaginem um mundo onde todos falassem a verdade. Infelizmente, esse mundo não existe.

No último dia 20 de fevereiro, Luciano Milici fez uma publicação aparentando estar nervoso e desconfortável com certas coisas, que andavam acontecendo em seu grupo, que atualmente possui quase 25 mil membros. Confira a publicação:

No último dia 20 de fevereiro, Luciano Milici fez uma publicação aparentando estar nervoso e desconfortável com certas coisas, que andavam acontecendo em seu grupo, que atualmente possui quase 25 mil membros.

Luciano reclamou que estava vendo ofensas aos membros, algo que inibia profundamente os relatantes, e que questionar a veracidade de um relato é uma coisa, mas acusar o relatante de mentiroso seria outra. Ele também disse, que estavam na "pontinha do iceberg", quando o assunto era sobre "Setealém", e que seria um momento de acolhimento, não de filtragem. Aliás, segundo ele, com o tempo seria possível ver o que era "Setealém" ou histeria coletiva.

Não entrarei em maiores detalhes sobre o que é postado pelos membros de seu grupo para não invadir a privacidade dos mesmos. Porém, alguns detalhes chamam a atenção. Uma usuária chamada B.F., por exemplo, chegou a comentar, que uma moça tinha ficado com a bolsa de um cara, que vive em "Setealém", que tinha uma chave, "escrita", e um vidrinho, mas ela não sabia se a mulher tinha enviado ou não para o Luciano. De acordo com um usuário chamado J.A. isso só aumentava a expectativa, que as pessoas pudessem ir para "Setealém" com seus corpos físicos.

Não entrarei em maiores detalhes sobre o que é postado pelos membros de seu grupo para não invadir a privacidade dos mesmos. Porém, alguns detalhes chamam a atenção.

Já um usuário chamado R.T. alegou que câmeras e objetos eletroeletrônicos não funcionavam em Setealém, e não há nenhum registro fotográfico ou gravação de lá. Segundo ele, era como se houvesse ondas, que impedissem o funcionamento desses objetos. Uma usuária chamada G.T. concordou com ele dizendo que, quando ela foi para "Setealém", ela não lembrou do seu celular. Ela apenas pediu o número de uma habitante, que lhe deu informações, e que ela não gostou. Disse que "não", mas não explicou o porquê. Ao ser questionada como ela entrou em "Setealém", ela disse que entrou através dos sonhos.

Com o tempo, Luciano Milici também passou a publicar alguns relatos supostamente enviados para ele, e a classificá-los por "Tipo", "Nível de Bizarrice" e "Relação Aparente com Setealém", sendo que os dois últimos são classificados em uma escala de 1 a 10. Há quem diga, que essa classificação é muito parecida com a realizada pela usuária, que ficou conhecida como "Lea Meets", quando ela mencionou o suposto método para acessar "Setealém" (Método 42: Portal Onírico III / Nível de Segurança: 9/10), algo que reforçaria a teoria que Luciano e "Lea Meets" seriam a mesma pessoa.

Com o tempo Luciano Milici também passou a publicar alguns relatos supostamente enviados para ele e a classificá-los por "Tipo", "Nível de Bizarrice" e "Relação Aparente com Setealém", sendo que os dois últimos são classificados em uma escala de 1 a 10

Enfim, vamos nos encaminhar para a parte final desta matéria, que ficou um "pouco" mais longa do que eu esperava.

Como Explicar Tantos Relatos em Massa, Supostamente Sobre um Mesmo Local? "Setealém" é Tão Somente uma Boa História de Ficção e Terror?


Acredito que esteja bem claro, que Setealém não seria tão somente um "universo paralelo", mas uma espécie de negócio promissor baseado puramente em evidências anedóticas, ou seja, tão somente relatos, que precisam de uma certa dose de fé e achismo individual para serem considerados como "verdadeiros". Conforme vimos anteriormente a ideia inicial era lançar um livro; Setealém e todos os aspectos originais pertencem legalmente ao Luciano Milici; assim como já existem domínios virtuais para serem utilizados na internet. Se isso acontecesse, exatamente dessa forma, em qualquer lugar do mundo, ficaria claramente implícito que "Setealém" seria apenas uma fábula sendo montada em tempo real por usuários na internet (mas que pertence legalmente a única pessoa), que se tornarão potenciais consumidores dos produtos (livros, revistas, camisetas, bonés, eventuais séries televisivas, revistas em quadrinhos, entre outros) originados a partir do nome "Setealém". Pode-se notar claramente também, que "Setealém" surgiu de forma verificável na internet, a partir de um comentário realizado no meio de dezenas de outros similares de idas e vindas a supostas dimensões paralelas, ou seja, cada um alegou ter sua própria experiência, que não depende em absolutamente nada de um lugar chamado "Setealém".

Além disso, a época em que isso começou a ser efetivamente divulgado, e de forma amplamente verificável na internet, é muito próxima do lançamento da primeira temporada da série de TV da Netflix chamada "Stranger Things", que foi lançada em julho de 2016, cerca de quatro meses dessa história começar. Na série, existe, inclusive, uma espécie de universo paralelo chamado de "Mundo Invertido", um lugar escuro e sombrio, um "Vale das Sombras". A série também faz analogia a um programa secreto do governo norte-americano chamado "MK-Ultra". Nesse sentido, há quem diga, que não teria sido coincidência, que Luciano publicou seu relato nesse grupo, e inventado o nome Setealém, visto que a série estava muito em alta naquela época, e 
seria um período perfeito para falar sobre dimensões ou universos paralelos.
Além disso, a época em que isso começou a ser efetivamente divulgado, e de forma amplamente verificável na internet, é muito próxima do lançamento da primeira temporada da série de TV da Netflix chamada "Stranger Things", que foi lançada em julho de 2016, cerca de quatro meses antes do surgimento dessa história.

Explicar a quantidade de relatos não é tão difícil quanto parece. Quando o assunto é relato existe de tudo: há fanfics (uma narrativa ficcional, escrita e divulgada por fãs em blogs, sites e em outras plataformas pertencentes ao ciberespaço, que parte da apropriação de personagens e enredos provenientes de produtos midiáticos), histórias parcialmente inventadas, copiadas de outros lugares, fruto de eventuais sonhos lúcidos, paralisia do sono, lapso temporal, entre outras inúmeras condições psicológicas bem conhecidas da ciência ou que vem sendo estudadas há muito tempo por profissionais competentes e renomados. Não duvido que muita gente tenha passado por experiências estranhas em suas vidas, porém, conforme sempre menciono, relatos são evidências anedóticas. A evidência anedótica dificilmente é considerada científica, porque raramente pode ser analisada segundo o método científico. Aliás, o uso de evidências anedóticas como evidências formais é considerada uma falácia. A psicologia demonstrou, que as pessoas tendem a se lembrar com mais facilidade de exemplos notáveis do que os ordinários, levando à falsa impressão de que estes ocorrem em uma frequência mais alta do que a real. Um exemplo prático? Quem nunca ouviu alguém dizer que não voa de avião, porque aviões caem a toda hora?  Apesar dos acidentes aéreos serem muito mais raros do que os automobilísticos, não é incomum pessoas acharem que são muito comuns.

Evidências anedóticas são frequentemente não científicas ou pseudocientíficas, porque diversas formas de vieses cognitivos podem afetar a apresentação da evidência. Este fenômeno também pode acontecer com grande número de pessoas através da chamada validação subjetiva, uma espécie de vício de inteligência. O nome costuma ser aplicado à tendência que todos temos de enxergar correlações e significados "profundos" em eventos, na verdade, não-relacionados, sempre que essa correlação ou significado reforçar uma crença ou hipótese. Querem um exemplo? Imagine que você acredita em sonhos premonitórios e, um dia, sonha com um pássaro machucado. No dia seguinte, um avião cai. A validação subjetiva criará a tentação de ver o sonho como uma previsão (cifrada, mas ainda assim, válida) do desastre aéreo. Imagine também, que você está convencido que suco de abóbora cura a gripe: cada vez que você souber de alguém que melhorou depois de tomar o suco, sua crença se reforça, muito embora a maioria das gripes acaba passando sozinha de qualquer jeito. O mesmo acontece se você está convencido, que um estranho episódio ocorrido em sua vida esteja associado a uma determinada dimensão, e acaba encontrando mais pessoas, que também acreditam que passaram por algo semelhante. Isso acaba reforçando essa possibilidade, muito embora a mesma, provavelmente tenha uma explicação perfeitamente clínica e psicológica.
A psicologia demonstrou que as pessoas tendem a se lembrar com mais facilidade de exemplos notáveis do que os ordinários, levando à falsa impressão de que estes ocorrem em uma frequência mais alta do que a real. Um exemplo prático? Quem nunca ouviu alguém dizer que não voa de avião, porque aviões caem a toda hora?  Apesar dos acidentes aéreos serem muito mais raros do que os automobilísticos, não é incomum pessoas acharem que são muito comuns.

A produção de correlações espúrias faz da validação subjetiva uma verdadeira usina de teorias da conspiração e, o que é mais grave, de reforço de preconceitos. Ninguém está livre de cometer uma barbaridade no trânsito ou de, eventualmente, acabar fazendo uma grosseria com alguém, mas se o barbeiro e/ou grosseiro tiver a etnia, orientação sexual, cor de cabelo, roupa ou classe social "errada", o evento será registrado como mais uma prova incontestável de que "esses aí" não prestam. E qualquer um está sujeito a isso. Quem não se lembra de um certo jornalista, que ao ouvir alguém buzinando falou que "aquilo" era "coisa de preto"?

A validação subjetiva muitas vezes opera em conjunto com o bom e velho viés de confirmação, a tendência de buscar ativamente, e de valorizar em excesso, informações que reforçam nossas crenças e de menosprezar ou ignorar – muitas vezes, inventando para isso as desculpas mais criativas possíveis – para tudo o que as contraria. Superar esses vieses requer sangue-frio, paciência e coragem. Sangue-frio porque, principalmente em questões muito emocionais, como de paixão política ou de preconceito arraigado, pode ser penoso resistir à tentação de ver confirmações cabais em meras coincidências.
Superar esses vieses requer sangue-frio, paciência e coragem. Sangue-frio porque, principalmente em questões muito emocionais, como de paixão política ou de preconceito arraigado, pode ser penoso resistir à tentação de ver confirmações cabais em meras coincidências.


Isso é algo muito parecido com o que acontece com "Setealém". De forma intencional ou não Luciano Milici, aparentemente vem tentando canalizar todo e qualquer relato sobre dimensões ou universos paralelos, e isso gera uma busca incessante das pessoas por respostas para suas próprias experiências, e que as mesmas podem, talvez, possuir uma relação com um suposto lugar chamado "Setealém". Uma vez que questionar e duvidar faz com que alguém se torne um "inimigo da informação", isso pode levar a cenários realmente assustadores. Um grupo que originalmente seria dedicado ao estudo de universos paralelos, poderia se converter em uma espécie de seita com determinados usuários tão fanáticos, que não conseguiriam mais compreender o que está acontecendo ao redor deles. Usuários que teriam a certeza absoluta, que estiveram em "Setealém", um lugar que, há quem diga, nunca existiu. É quase inevitável a semelhança com o caso do "This Man", cuja história era uma farsa, mas ainda assim surgiram pessoas alegando, que tinham sonhado com determinado rosto. Elas realmente sonharam, mas o homem nunca existiu.

Além disso, ao contrário do que se pensa, evidências anedóticas e seus relatantes podem sim ser testados e avaliados quanto à confiabilidade. Exemplos de abordagens de teste e avaliação incluem o uso de interrogatório, evidência de testemunhas corroboradoras, documentos, vídeo e evidência forense. Em termos jurídicos, quando um tribunal carece de meios para testar e validar relatos de uma testemunha específica, tais como a ausência de formas de corroboração, o mesmo pode qualificar esse testemunho como limitado ou sem peso ao produzir uma decisão sobre os fatos.
É exatamente isso que acontece com "Setealém". De forma intencional ou não Luciano Milici, aparentemente vem tentando canalizar todo e qualquer relato sobre dimensões ou universos paralelos, e isso gera uma busca incessante das pessoas por respostas para suas próprias experiências, e que as mesmas podem, talvez, possuir uma relação com um suposto lugar chamado "Setealém"

E isso tudo nos leva a uma variante de uma sintomatologia psicopatológica, amplamente conhecida por "Folie à deux", na qual sintomas psicóticos são compartilhados por duas pessoas. Há quem diga, que o caso referente a "Setealém" seja um evento de "folie à plusieurs", ou seja, quando os sintomas são compartilhados coletivamente. Isso pode ocorrer por imposição em uma relação de poder (Folie imposée ou communiquée), quando uma pessoa ou um grupo de pessoas impõe crenças altamente prejudiciais, inadequadas e socialmente não-compartilhadas (ex: cultos novos, teorias de conspiração etc.) para uma ou mais pessoas vulneráveis. 

A questão não é sobre acreditar ou não em histórias de cunho conspiratório, mas o que isso pode causar fisicamente e mentalmente nas próprias pessoas ou aquelas que estão ao seu redor. E isso é bem fácil de exemplificar. Vocês lembram do caso "PizzaGate"? Esse caso foi amplamente comentado em grupos de teóricos da conspiração em diversas redes sociais. Os defensores do "Pizzagate" alegaram falsamente, que uma série de e-mails continham mensagens codificadas referentes ao tráfico de seres humanos, e que os mesmos conectavam diversos restaurantes dos Estados Unidos e altos funcionários do Partido Democrata com um suposto círculo de exploração sexual infantil.

O caso era mentira, mas para Edgar Maddison Welch, um homem de 28 anos de idade de Salisbury, na Carolina do Norte, não. No dia 4 de dezembro de 2016, ele disparou três tiros em um restaurante com um arma semelhante a uma AR-15, atingindo paredes, uma mesa e uma porta. Por sorte, ninguém se feriu. Posteriormente, Welch disse a polícia que tinha planejado "investigar por contra própria" a teoria da conspiração, e se via como potencial herói da história, um salvador de crianças.
Há quem diga, que o caso referente a "Setealém" seja um evento de "folie à plusieurs". Isso pode ocorrer por imposição em uma relação de poder (Folie imposée ou communiquée). quando uma ou um grupo de pessoas impõe crenças altamente prejudiciais, inadequadas e socialmente não-compartilhadas (ex: cultos novos, teorias de conspiração, universos paralelos etc.) para uma ou mais pessoas vulneráveis

Já escrevi sobre inúmeros casos de pessoas armadas, que quase provocaram tragédias ao acreditar que o mundo seria invadido por pessoas semelhantes a lagartos ou que matou a própria esposa grávida por acreditar que ela mesma fosse um "ser humano híbrido". Isso sem contar as pessoas, pertencentes a grupos radicais e extremistas, que saem explodindo a si mesmos, e as demais pessoas, por acreditar em líderes, que induzem seus seguidores, que estão lutando com os "inimigos do mundo", os Estados Unidos e seus aliados. Portanto, é necessário ter muito cuidado ao lidar com esse tipo de situação, ainda mais em redes sociais e com pessoas, que podem estar fragilizadas e precisando, por exemplo, de acompanhamento médico.

Já no caso de "Setealém", por exemplo, cheguei a ver a publicação de uma jovem dizendo: "Vocês também sentem coisas estranhas quando estão lendo/pesquisando sobre Setealém? Sei que pode ser pura paranóia minha, porque alguns relatos dão um pouco de medo e tudo mais, mas sempre tenho sensações estranhas quando to "focada" no assunto. Sensações do tipo: se sentir vigiada, desconfortável, até pesada, como se estivesse muito cansada. A questão é que me sinto muito diferente quando começo a ler sobre, e até evito de ler muita coisa no mesmo dia por conta disso. Já tive uma experiência estranha que nunca quis relatar, até pq não sei explicar direito o que aconteceu e nem sei se foi exatamente sobre Setealém, mas confesso que morro de medo de ir parar lá, Deus me livre. É normal isso? Ou é só o meu psicológico abalado mesmo? rs."
É possível notar, que a jovem apresenta sintomas físicos, que afetam sua qualidade de vida. Quando isso ocorre é necessário avaliar atentamente, buscar informações adequadas de profissionais da área médica, uma vez que histórias baseadas tão somente em evidências anedóticas não serão a solução de um eventual problema. Podem até amenizar e gerar um certo "conforto" e sensação de acolhimento, mas nem de longe é uma solução permanente

É possível notar, que a jovem apresenta sintomas físicos, que afetam sua qualidade de vida. Quando isso ocorre é necessário avaliar atentamente, buscar informações adequadas de profissionais da área médica, uma vez que histórias baseadas tão somente em evidências anedóticas não serão a solução de um eventual problema. Podem até amenizar e gerar um certo "conforto", além de dar uma sensação de acolhimento, mas nem de longe é uma solução permanente.

Digo isso, porque escrevo neste blog há quase 3 anos, desde 23 de junho de 2015, e estou muito próximo de chegar a marca de 1.000 textos (atualmente são 470 textos somente no blog), entre matérias, notícias, e "minutos assombrados". Todos os textos são muito bem pesquisados, e sempre fui pautado pela ética e pelo compromisso em trazer um bom conteúdo, seguro e confiável, a cada um de vocês. Portanto, se tem uma coisa que aprendi com o tempo, e posso dizer, com alguma relativa propriedade, é que tenham muita atenção em casos, que flertam com os mesmos mecanismos de teorias conspiratórias. Vocês podem acreditar no quiserem, visto que são totalmente livres para isso, e respeito a crença individual das pessoas, mas coloquem limites em si mesmos ou busquem ajuda médica, quando necessário, se perceberem que isso pode estar saindo do controle. Ao final, quando algo grave ocorre, todos ao seu redor somem, e sobra apenas você, a pessoa que acreditou.
Quando isso ocorre é necessário avaliar atentamente, buscar informações adequadas de profissionais da área médica, uma vez que histórias baseadas tão somente em evidências anedóticas não serão a solução de um eventual problema. Podem até amenizar e gerar um certo "conforto" e sensação de acolhimento, mas nem de longe é uma solução permanente.

Aliás, é bom deixar bem claro, que não tenho nada contra o "imperador" e "fundador" de "Setealém", e muito menos contra as pessoas, que enviam seus relatos, contam suas experiências, entre outras coisas. Diga-se de passagem, nem posso ser considerado um "inimigo da informação", visto que meu passado como redator é totalmente limpo nesse sentido. Por mim, "Setealém" pode ser divulgado para o mundo inteiro e ter uma bandeira fincada na Lua com esse nome. Acho totalmente válido as pessoas desabafarem sobre o que acreditam ou realmente passaram, e até mesmo encontrar pessoas que passaram por algo semelhante.

Por outro lado, não posso compactuar com isso, e dizer a vocês que "Setealém" é uma dimensão paralela ou um lugar real, porque, para começo de conversa, o "universo original " é puramente baseado em evidências anedóticas de pessoas, que não sabemos quem são. Em segundo lugar, o começo da história e forma como aconteceu sua divulgação é passível de inúmeros questionamentos, e muitos deles, infelizmente, atualmente inverificáveis. Sem dúvida alguma é uma boa história, uma excelente trama de terror nacional, e merece sim o seu destaque e seu espaço. Com certeza, essa história irá evoluir, pouco a pouco, uma vez que já foram divulgadas histórias sobre supostos recrutadores, enigmas envolvendo catedrais, pessoas supostamente infiltradas, entre outras coisas. Enfim, aparenta ser tão somente uma boa história, que renderá frutos literários e financeiros. Espero, no entanto, que isso aconteça de forma saudável e sem maiores danos, tanto físicos quanto emocionais e psicológicos as pessoas, que realmente acreditam, independentemente da razão, em "Setealém".

Diante dessa matéria, vocês podem decidir por si mesmos, em que acreditar, ou seja, se "Setealém" é realmente uma evidência da existência de dimensões paralelas ou tão somente uma excêntrica história brasileira de ficção e terror. 


Créditos: Assombrado
Setealém: Uma Incrível Evidência da Existência de Universos Paralelos ou Tão Somente uma História Brasileira de Ficção e Terror? Setealém: Uma Incrível Evidência da Existência de Universos Paralelos ou Tão Somente uma História Brasileira de Ficção e Terror? Reviewed by InovaFlix RapBrazil on fevereiro 08, 2019 Rating: 5

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