GILBERTO VALLE, O CANIBAL VIRTUAL

Gilberto tinha uma rotina com horários bem irregulares, isso se dava por que ele trabalhava na polícia de Nova Iorque, isso mesmo curiosos, Gilberto Valle era um policial e nas horas vagas ele dedicava horas e horas para navegar na internet, geralmente virando as madrugadas. Ele era uma pessoa normal, mas entre 2010 e 2012 ele começou gradativamente a se distanciar da sua esposa, Kathleen, e dos seus amigos. Essa situação começou a atrapalhar o casal e o ápice foi em 2011 quando Kathleen engravidou. Neste período, ela começou a notar uma frieza maior em seu marido e percebendo algum de seus comportamentos, a esposa resolveu tomar uma atitude.

Ela se sentia triste e muito desconfiada e, por este motivo, decidiu instalar um Spyware (Programa Espião) no computador de seu marido, para que ela pudesse descobrir se existia alguma traição envolvendo o casal. Desse modo, ela conseguiu descobrir os sites que ele visitava, as buscas que ele fazia e até mesmo senhas de e-mails que ela nem imaginava que existiam. Mas o que ela descobriu no final, foi bem pior do que uma traição qualquer e abalou profundamente Kathleen. Ela descobriu que seu marido discutia em vários chats e mensagens o seu desejo de estuprar, assassinar, torturar e cozinhar mulheres.

Em um dos e-mails secretos de Gilberto, Kathleen achou uma lista com nomes de mais de 100 mulheres. Algumas delas eram colegas do seu trabalho, da antiga faculdade, ou do círculo social do casal e para piorar o nome de Kathleen também estava citado lá. No documento ele descrevia várias características físicas de cada uma das mulheres, como por exemplo, peso, altura e etc… e o marido mencionava várias vezes a sua intenção de raptar e assassinar algumas delas. Sabendo de tudo isso, Kathleen ficou apavorada e logo acionou a polícia para entregar seu marido.

Após uma investigação a polícia chegou a conclusão de que a maioria dos acessos eram referentes a um site na internet sobre fetiches pesados, onde Gilberto falava abertamente sobre seus planos de sequestro, tortura e até mesmo sobre canibalismo. Ele tinha três principais amigos virtuais, com os quais ele consumava a se relacionar com mais frequência, eram eles, um inglês com o nome falso de Moodyblues, um paquistanês com o codinome Alikhan e um norte americano chamado Michael Van Hise.

Gilberto chegou até mesmo a negociar e planejar junto de Moodyblues um suposto plano para sequestrar e torturar uma das mulheres de sua lista. No plano, o policial dizia que a seus comparsas que ele tinha uma cabana em uma floresta numa área isolada e que, no porão desta cabana, ele teria construído um forno enorme, o forno contaria com um sistema de roldanas em que a vítima seria pendurada de certo modo em que ela assaria lentamente e por igual em todas as partes.

A vontade de comer pessoas parecia ser um obcessão constante nas suas conversas. Entre as várias imagens encontradas no seu computador, havia a de mulheres presas em roletes sobre o fogo, mulheres dentro de fornos ou chapas, além de diversas outras fotos com mulheres amarradas, amordaçadas e sendo torturadas. Em uma das buscas no Google, Gilberto chegou até mesmo a procurar “Como cozinhar um humano”.

Apesar de tudo isso, não existia nenhuma prova de que Valle tinha concretizado suas fantasias, mas pelos indícios ele pode ter chegado muito perto. No bate-papo com seus amigos virtuais, ele mencionou uma lista de compras de diversos materiais, que segundo ele seriam para cometer um sequestro, na lista havia coisas como: “clorofórmio, cordas, silver-tape”. Para piorar, ele teria usado o banco de dados da polícia de Nova York para saber mais a respeito de cada uma de suas vítimas e até mesmo teria chegado a visitar uma delas, uma ex-colega de faculdade chamada Kimberly Sauer.

Graças a todas essas evidências circunstanciais, Valle foi acusado de conspiração para cometer sequestro e também de ter acessado de forma ilegal à base de dados policiais. Ele foi condenado em março de 2013 nas duas acusações que sofreu, mas ele recorreu a essa decisão. Depois de 21 meses de prisão, o juiz responsável pelo caso fez uma nova análise do caso e acabou liberando Gilberto, considerando o seu tempo atrás das grades como suficiente e dando a sentença como cumprida.

Após isso, a promotoria voltou a tentar condená-lo por diversas outras vezes. Fazendo com que a batalha judicial siga até os dias de hoje, mas apesar de tudo, o ex policial continua solto.